Neste Domingo, dia da mãe, recordamos o carinho com que Deus-Amor nos dá a vida através das figuras maravilhosas dos nossos pais.
Eles são nas nossas vidas o rosto de Deus, as mãos de Deus, o sopro de Deus. Disse o Papa Francisco aos jovens, há poucos dias, que o amor é o bilhete de identidade do cristão. É o único documento válido que permite o reconhecimento para sermos aceites como discípulos de Cristo.
É nesta órbita de amor que colocamos a figura ímpar da mãe. Ela é o segredo da ternura, da entrega, do abandono total. Precisamos de respeitá-la, protegê-la. Ela traz consigo muitos dos nossos sonhos, das nossas ambições. Pensadores, poetas e escritores, todos deixaram plasmados tantos retratos de mães imperecíveis. Que Nossa Senhora as façam muito felizes, aqui e na eternidade.
A liturgia deste 6º Domingo depois da Páscoa é mesmo um respirar fundo as coordenadas da pós-ressurreição. Na primeira leitura contemplamos o agir do Espírito Santo na nova Igreja. Na segunda leitura encontramo-nos com a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”. No Evangelho estamos diante duma Igreja que assenta em três pilares: o amor, a escuta da Palavra e a condução pelo Espírito de Deus. O Espírito não nos dá a proximidade de Deus mas sim a intimidade n’Ele. Bom domingo.
1. Introdução
Hoje, em que recordamos o dia da mãe, celebramos uma Igreja universalista que vive no meio do mundo, enfrentando desafios, mas aberta aos homens de qualquer raça ou cultura. Lemos no Evangelho o grande discurso de Jesus, ligado à celebração da última Ceia. Nesse discurso deixa-nos o Espírito Paráclito como grande construtor da Igreja.
2. Actos 15,1-2.22-29
2.1 Texto
Naqueles dias, alguns homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia: «Se não receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés, não podereis salvar-vos». Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles. Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos (…) e mandaram por eles esta carta: «Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia. (…) Por isso vos mandamos Judas e Silas, que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões. O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis: abster-se da carne imolada aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».
2.2. Concílio de Jerusalém
Problemas difíceis na aceitação da universalidade do Evangelho que a Igreja nascente teve de enfrentar diante das exigências da Lei de Moisés, defendida pelos judeus. É impressionante ouvir os autores da decisão: “o Espírito Santo e nós decidimos”. A Igreja tinha consciência de ser conduzida pelo Espírito de Deus.
3. Salmo 66 (67)
3.1 Benção de Deus
Este Salmo recolhe o tema da bênção sacerdotal de Núm 6, 24-26. O Salmista louva a Deus em nome de todos os povos da terra. Numa terra com tantos problemas é o Espírito de Deus que irá conseguir a harmonia entre os povos.
4. Apocalipse 21,10-14.22-23
4.1 Texto
Um Anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da glória de Deus. (…) A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os doze Apóstolos do Cordeiro. Na cidade não vi nenhum templo, porque o seu templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro. A cidade não precisa da luz do sol nem da lua, porque a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.
4. 2 Um dom que vem do Alto
Uma beleza de texto na órbita celestial. O Apocalipse coloca, mais uma vez, a Igreja no centro, chamando-a «cidade santa de Jerusalém»,” “que descia do céu”, toda ela iluminada pela «glória de Deus». É a Jerusalém messiânica. É o novo reino da Jerusalém celeste. Ela é o Novo Israel que se apoia nos doze Apóstolos do Cordeiro. É concebida como um sonho partilhado pelo seu povo. A salvação não é conquista humana, mas é graça, dom que vem do Alto.
5. João 14,23-29
5.1 Texto
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. (…)
5.2 Pilares da Igreja
O trecho de hoje está colocado no contexto da Última Ceia de Jesus, segundo a interpretação de João. Estamos diante duma Igreja que assenta em três pilares: o amor, a escuta da Palavra e a condução pelo Espírito de Deus. O Espírito não nos dá a proximidade de Deus mas sim a intimidade n’Ele.
6. Meditação
Dia da Mãe. Sobre esta Terra dorida, anestesiada e indiferente, uma Mãe verdadeira ainda é o ícone mais belo deste amor imenso e sem pauta nem medida, que não é meu, nem é teu, nem é nosso. É de Deus. Nós sabemos isso. Mas uma Mãe sabe isso melhor. É por isso que é fácil, neste Dia da Mãe, ver cair pelo rosto de cada Mãe uma lágrima de tristeza ou de alegria! Melhor assim, Mulher e Mãe: sentirás a mão carinhosa de Deus a afagar o teu rosto e a enxugar essa lágrima, de acordo com a lição da Leitura do Livro do Apocalipse 21,4 (D. António Couto).
7. Oração
Buscadores de Deus. Que mais Te queremos pedir nesta manhã, Senhor, senão o Teu regresso. Precisamos duma nova criação da ternura e da bondade. Tanta, que dê para encher o mundo numa linguagem atual e cativante. Precisamos de um espaço onde Deus se faz História para o homem, não de um lugar onde o homem compra o espaço de Deus. Procuramos ritmos de futuro onde Deus nos crie espaços. Gostávamos de “amar as pessoas e o mundo em Deus”. “Tal como vemos as pessoas e o mundo iluminados pela luz”. “Ele é a “biosfera de todo o verdadeiro amor”. (Tomás Halík).
8. Contemplação
«Viremos a ele e faremos nele a nossa morada.» Jo 14,23
O nome de Deus é «Aquele que gosta da proximidade,
que encurta incansavelmente
as distâncias», paixão de se unir.
O Misericordioso sem casa busca casa.
E busca-a justamente em mim.
Possivelmente, nunca encontrará uma verdadeira morada,
só um pobre casebre, mas uma só coisa Ele me pede:
ser um fragmento de cosmo hospitaleiro.
Se não o ouvires em segredo,
talvez a tua casa interior esteja vazia.
(Esperança que nasce da palavra)
8.2 Contemplação - Poema
Homenagem às mães
Cantarei ao teu olhar onde brilham pradarias
espelho de águas do rio cristalinas.
Mãe, minha mãe,
recebe hoje brancas aleluias.
Cantarei ao teu xaile onde me envolveste,
e inventaste canções para me adormecer.
Mãe, colo de açucenas
perfumadas em teu amanhecer.
Cantarei a esse jeito de tudo fazeres
dessa longa espera sem adormeceres.
Mãe, doce ternura
por meu amor loucura.
Cantarei à lua branca em teu céu estrelado,
vagabunda, símbolo da tua solidão.
Mãe, em teu sonho
quero hoje adormecer.
Cantarei meu hino aos filhos de ti nascidos.
Toma botões de rosas vermelhas a abrir.
Distribui amor, mãe, distribui.
Para eles também é o teu dia.
Cantarei ao tempo, teu tempo e meu tempo,
perdido nos poentes das nossas vidas.
Mãe, estás muito cansada,
mas és e serás sempre uma Mãe querida.
“O teu rosto Mãe
dá-me esperança.
O teu rosto Mãe
é de uma Santa”.
És Mãe, sempre Mãe.
És Mãe, minha Mãe.
Disco Codevi, Fogo de Deus