Avaliar a globalidade da catequese

Para lá dos detalhes, como é que avaliamos a totalidade da catequese?
Não da catequese do 5º ao 7º ano. Não do 9º ano. Mas todo o processo catequético. Está ele a produzir os “resultados” desejados? De vez em quando pode ser bom deixar de lado (ao menos, por uns tempos) as coisas mais imediatas para pensar sobre o rumo que estamos a dar à catequese. Este exercício, além de nos dar uma visão global de catequese, fornece-nos um quadro global a partir do qual conseguimos perceber melhor os prós e os contras das pequenas coisas que vamos fazendo.

Pistas
Quais os indicadores de uma catequese bem-feita? Os bispos identificam quatro:

• Uma informação adequada sobre a fé cristã (esclarecidos sobre os elementos fundamentais do cristianismo)
• Celebração regular da Eucaristia (contacto habitual com a fonte da vida que ´a Eucaristia)
• Oração (não mostram pratica de oração)
• Contacto com a Palavra de Deus (necessidade de escutar a Palavra da vida)

A primeira tarefa num processo de avaliação global da catequese é perceber e interiorizar estes quatro indicadores. No grupo de catequistas dialogar sobre o significado destes quatro indicadores. São eles adequados para descrever uma catequese bem-sucedida?
Que outros critérios poderíamos acrescentar? O objetivo deste diálogo inicial é criar consenso entre o grupo dos catequistas e aprofundar as ideias. Um dos riscos é que cada catequista considere a sua experiência como normativa, isto é que se ache que a caminhada de catequese que ele próprio fez deva ser o ponto de referencia para toda a catequese em todos os tempos. Tomas consciência que há uma distancia entre o que estamos a conseguir na nossa paróquia e os indicadores dados pelos bispos é um bom resultado da nossa avaliação.

“De vez em quando pode ser bom deixar de lado (ao menos, por uns tempos) as coisas mais imediatas para pensar sobre o rumo que estamos a dar à catequese.”

Arrependimentos
Chama-se “Arrependimentos” e é uma técnica muito simples de avaliação. O objeto da avaliação é comparado a um lugar que visitámos. Agora estamos de regressa a casa.
A avaliação consiste em listar:

• aquilo de que nos arrependemos de ter dito e feito e que achamos que foi negativo;
• aquilo de que nos arrependemos de não ter dito ou feito e que poderia ter levado a resultados mais positivos.

Se, por exemplo, estivéssemos a avaliar a celebração regular da Eucaristia, quais os “arrependimentos” ao longos dos 10 anos de catequese?

As tentações
Não é mais uma técnica de avaliação. Agora quero falar mesmo das tentações que costumam aparecer quando fazemos estas avaliações mais globais, mais de longo alcance.

Isto está tudo mal!

Quando tentamos obter um retrato global, quando confrontamos as nossas práticas de todos os dias com o caminho ideal proposto pela Igreja, damo-nos conta que há muito a mudar. E alguns só detetam o que está mal. Alguns salientam tanto as diferenças entre o que fazemos e o que deveríamos estar a fazer, que se fica com a sensação que nada d que fazemos se aproveita. Essa atitude não ajuda. Gera desânimo e vontade de desistir. Se alguém acha honestamente que “está tudo mal”, eu convido a olhar com atenção e a procurar melhor.

Isto é muito teórico!

É verdade que não estamos habituados a pensar em termos mais gerais. Muita da nossa energia é gasta nas coisinhas do dia a dia. E, por isso, é natural que estes indicadores, que os objetivos gerais da caminhada catequética nos pareçam muito afastados da realidade, abstratos…
O objetivo desta avaliação não é produzir palavras bonitas. É mesmo mudar o concreto da nossa realidade. Para isso não podemos ter medo de pensar, de clarificar as ideias, de crescermos em maturidade e competência.