Lectio divina: 18º Domingo Comum (ano C)

Temos, neste domingo, um tema que nos põe os pés em terra:

é o desapego das riquezas e o perigo que correm os que se deixam escravizar por elas. Temos consciência de sermos como a erva que “de manhã floresce e viceja, de tarde, murcha e seca?”. Na primeira leitura aparece um grande desfio existencial: “que aproveita ao homem todo o seu trabalho?” A Bíblia e a filosofia desconfiam da felicidade que se alcança através da acumulação de bens. Sem a luz da revelação não entendemos a vida. Na segunda leitura, Paulo faz-nos um convite bem elucidativo: “aspirai às coisas do alto, onde está Cristo”. Jesus dará a resposta total na parábola do “rico insensato”: “o que preparaste, para quem será? Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus”. Sem a luz de Cristo o homem fica enredado na teia das desilusões. Bom domingo na plenitude da liberdade.
1. Introdução
O tema deste Domingo é importante para Lucas: o desapego das riquezas e o perigo que correm os que se deixam escravizar por elas. Como segunda leitura lemos o final da carta aos Colossenses: um hino ao homem novo, ao cristão como homem pascal que, pelo batismo, se torna participante do mesmo Corpo de Cristo. Como primeira leitura aparece-nos um texto do livro do Coélet que apresenta um drama existencial ao não descobrir o sentido da vida humana.
2. Cohelet (Ecle) 1, 2; 2, 21-23
2.1 Texto
Vaidade das vaidades – diz Coélet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade. Quem trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de deixar tudo a outro que nada fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas então, que aproveita ao homem todo o seu trabalho e a ânsia com que se afadigou debaixo do sol? (…) Também isto é vaidade.
2.2 Superação da desilusão
Realista a reflexão deste sábio, baseada nas ideias filosóficas do helenismo (finais do séc. III a. c.): “desilusões e mais desilusões, tudo é desilusão”. Uma pergunta impertinente: para que serve todo o criado, trabalhos, afetos, todo o agir humano? O pessimismo do autor do Coélet leva-o a não descobrir um verdadeiro sentido para a vida humana. Nos tempos modernos vai na mesma linha o existencialismo ateu, liderado por Jean Paul Sartre. Esta dificuldade só será superada à luz da revelação de Jesus Cristo. Deus preenche os abismos do homem.
3. Salmo 89 (90), 3-6.12-14.17 (R. 1)
3.1 A vida humana como efémera
Este Salmo 90 coloca-nos diante da situação de pecado e da fragilidade humana comparada com a eternidade e o poder de Deus. Com uma linguagem poética onde predominam imagens fortes das coisas criadas é mostrada ao homem a sua miséria. Só lhe resta contemplar o abismo diante do Deus eterno que olha os filhos de Adão com misericórdia.
4. Colossenses 3, 1-5.9-11
4.1 Texto
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos manifestareis com Ele na glória. Portanto, fazei morrer o que em vós é terreno: imoralidade, impureza, paixões, maus desejos e avareza, que é uma idolatria. Não mintais uns aos outros, vós que vos despojastes do homem velho com as suas ações e vos revestistes do homem novo. (…) O que há é Cristo, que é tudo e está em todos.
4.2 A vida cristã é vida de Cristo
Tendo terminado a leitura da primeira parte da carta aos Colossenses que falava da graça e da justificação, agora é-nos apresentada a vida nova do cristão que passa a ser outro Cristo. Abandona os vícios, a vida de pecado e “afeiçoa-se às coisas do alto, não às coisas da terra”. É um texto maravilhoso de sentido pascal. Cristo sai vitorioso na sua morte e partilha a sua vitória connosco.
5. Lucas 12, 13-21
5.1 Texto
Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».
5.2 A vida não depende dos bens
A Bíblia e a filosofia desconfiam da felicidade que se alcança através da acumulação de bens. A riqueza abusiva abre desertos e sufoca afetos distanciando as pessoas e gerando solidões. A parábola é bem expressiva: o raciocínio do homem rico, a partir do amontoar de bens, leva-o à escravidão e à morte. Jesus dirá: o verdadeiro sentido da vida é “tornar-se rico aos olhos de Deus”.

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