Lectio divina: 2º Domingo Pascoa (ano C)

Caros amigos: Este Segundo Domingo da Páscoa é riquíssimo em pérolas preciosas buriladas pelas correntes impetuosas das águas:

a brancura da veste do Batismo, a ternura da misericórdia do Pai e a fundamentação da nossa fé, entregue ao poder de Deus para salvar o homem. Mas, ao lado desta trilogia, encontramos o autor das magnalia Dei, das grandes obras de Deus, o Espírito Santo como em novo Pentecostes. O nosso Papa Francisco disse-nos, na quarta-feira passada, que “o anelo mais profundo do homem, aquilo de que mais precisa na sua vida” é “ser perdoado, ver-se livre do mal e das suas consequências”. “Com o seu perdão, Deus ensina-nos que o seu amor é maior do que o nosso pecado e assegura-nos que Ele nunca nos abandona”.

É Páscoa. É Nova criação. Deus, o homem e a cidade ocupam todo o espaço. É tempo da verdade e liberdade. É tempo de sentir o homem perdoado e a cidade em festa. Mas há um novo espaço com nova dinâmica para a nascente fonte do universo criado: Jesus Ressuscitado. Ele é o caminho para o Pai. Morto e ressuscitado Jesus celebra a Sua Páscoa perto do homem, melhor, faz-se caminho dentro do homem: “É preciso abrir nos outros o caminho que conduz a Ti, meu Deus, e para isso é necessário ser um grande conhecedor da índole humana» (Etty Hilesum). Humanismo e transcendência dão-se as mãos num hino de Aleluias. Bom Domingo.

1. Introdução
Que beleza a desta comunidade cristã que mostra a sua total confiança e fidelidade no ressuscitado. Ele está vivo, presente no meio dos seus fiéis. Começa uma nova história. Três grandes acontecimentos envolvem a Palavra de Deus deste segundo Domingo de Páscoa: o Domingo “in Albis”, o nascimento do sacramento do perdão ou da misericórdia e o fundamento da nossa fé no diálogo de Jesus com Tomé.
1.1 Domingo “in Albis”
Os neófitos da vigília pascal vestem pela última vez a sua veste branca, símbolo da luz que o Senhor lhes tinha dado no Batismo. Essa luminosidade vai passar agora para a vida quotidiana.
1.2 Domingo da misericórdia
No domingo a seguir à Páscoa, a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia, instituída por S. João Paulo II, seguindo o pedido que Jesus insistentemente fez a Santa Faustina Kowalska. É neste domingo que a Igreja celebra a Instituição do sacramento da Reconciliação: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». (Jo 20,22).
1.3. Domingo da fundamentação da fé
Tomé sente a necessidade de experimentar pessoalmente o encontro com Cristo. Quando O encontra já não precisa de ver nas suas mãos o sinal dos cravos e de meter o dedo no lugar dos cravos ou a mão no lado aberto. É a figura do homem de hoje. Aqui se fundamenta a fé da Igreja.
2. Atos 5,12-16
2.1 Texto
Pelas mãos dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo. (…) Cada vez mais gente aderia ao Senhor pela fé, uma multidão de homens e mulheres, de tal maneira que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres, para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. (…)
2.2. A sombra de Pedro curava
“Esta sombra era uma força restabelecedora, provinha da luz de Cristo e por isso tinha em si algo do poder da sua bondade divina. Pedro era um homem com todas as debilidades de um ser humano, mas era sobretudo um homem cheio de uma fé apaixonada em Cristo, repleto de amor por Ele. Através da sua fé e do seu amor a força restabelecedora de Cristo chegou aos homens, mesmo se misturada com toda a debilidade de Pedro!
3. Salmo 117 (118)
3.1 Salmo Pascal
O salmo é um hino de beleza, de surpresa de Deus no coração do homem. Insere-se no espaço pascal deslumbrando o mundo com imagens fortes: “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: é admirável aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria”.
4. Apocalipse 1,9-11a.12-13.17-19
4.1 Texto
Eu, João, (…) estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor fui movido pelo Espírito (…) que (me) dizia: «Escreve num livro o que vês e envia-o às sete Igrejas». (…) Quando o vi, caí a seus pés como morto. Mas ele (…) disse-me: «Não temas. Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos. (…)
4. 2 Jesus intérprete da história
Jesus Cristo, morto na Cruz e agora ressuscitado, é o único soberano digno desse nome. Ele assume o papel de intérprete da História consentindo aos crentes enfrentá-la sem temor e com autêntico espírito de fé. É esse poder que atua na vida dos crentes. Cristo, minha esperança, caminha comigo.
5. Jo 20,19-31
5.1 Texto
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». (…) «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois (…) veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». (…)
5.2. Três temas no evangelho
As aparições, os poderes que Jesus dá aos apóstolos e as exigências da fé. Ao ressuscitar Jesus aparece como homem novo, recria a humanidade, torna-a nova. Ao conferir aos Apóstolos o poder de perdoar pecados, manifesta a vitória do bem sobre o mal e inverte a corrente da história. O pecado é agora destruído. Tomé, ao dizer «Meu Senhor e meu Deus», afasta a incredulidade e faz a maior profissão de fé do IV Evangelho. Afasta a exigência de provas.

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