(ANS – Yangon) – Faz um mês que o ciclone Nargis se
abateu sobre o Mianmar causando caos e destruição, e que, segundo
refere Dom Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, provocou a morte de
perto de 150.000 vidas.
Depois da passagem do ciclone, a mapa do Mianmar mudou. Tal mudança
é mais evidente nas zonas de Yangon e do delta do rio Irrawaddy, onde,
por quanto se podem individuar, comparando as imagens `satelitares` de
antes e depois do desastre, os danos sofridos em grandes áreas do
território. “O que não se pode ver através de nenhum satélite –
prossegue Dom Bo – é a mutilação dos ânimos sofrida pela nossa gente”.
Em nova carta aberta, o prelado salesiano relembra mais uma vez a
situação de emergência vivida pelo seu país, onde perto de 2.3 milhões
de pessoas receberam um novo apelativo: “refugiados e desabrigados”,
pessoas que agora devem fazer fila para receber comida e assistência,
pessoas que agora devem enterrar os seus mortos achados em cima de
árvores para onde a fúria dos elementos os haviam arremessado, ou pelos
leitos dos rios.
Dom Bo reconhece também o grande desafio que a tragédia representou
para a Igreja no Mianmar, quer pelos danos que o ciclone infligiu às
igrejas, às comunidades religiosas, às casas paroquiais e aos
orfanatos, quer, sobretudo, pelo esforço que significou, desde o início
da emergência, a busca de sobreviventes: “Estamos salvando vidas,
estamos cultivando esperanças”.
“O Mianmar não pode ser novamente esquecido”, é a exortação com que
o arcebispo de Yangon conclui a sua mensagem-convite, que nasce como
conseqüência da diminuição de atenção da mídia dada a essa parte do
mundo. “O Mianmar precisa de acompanhamento, de atenção contínua da
parte da comunidade mundial. Esta minha informação, espero, possa
facilitar a longa caminhada do meu povo”.