Por
circunstâncias exteriores a mim é certo (não foi uma introspecção espontânea),
mas de uma forma oportuna, pois é importante não deixar que o pó se assente em
demasia, tenho ponderado um pouco a questão do que é para mim namorar, o namoro
e as expectativas à volta de todo este conceito. Procuro analisar o conceito da
melhor forma que conheço: levanto a cabeça ao meu redor e procuro no baú da
minha, ainda curta experiência, algo que me permita formar uma opinião. Boa ou
má não sei, mas a minha opinião.
Namorar? Quando? Porquê? Para quê? Com quem? Perguntas
difíceis. Quase ninguém as faz quando começa um namoro. Diz-se que se sente cá
dentro, que se sabe sem saber porquê. É verdade, mas é preciso distinguir entre
uma atracção e algo que também a envolve, mas é muito mais do que isso. Há quem
mande mensagens para aqueles passatempos estranhos em que, se colocarmos o
nosso nome e o nome a pessoa de quem gostamos, nos dá a percentagem, a
probabilidade de sermos bem sucedidos na nossa escolha, uma espécie de
informação que habitualmente se fornece aos apostadores e habitués das casas de
jogo. É evidente que, afinal de contas, começar a namorar passa por uma
‘aposta’. Em nós, no outro e num projecto a dois que à partida não se sabe se
terá futuro ou não, daí que é boa ideia começar por ter uma fundação, um
alicerce que sirva de base ao edifício que se quer começar a construir. A
amizade é uma boa opção. Já ouvi muitas vezes comentários do género: ‘Sabes
quem namora? Nem vais acreditar…’, que reflectem um pouco uma espécie de
mergulhos de cabeça que hoje estão muito em voga… ‘ Vamos lá ver o que isto
dá… Se não der não deu.’ Pois… O problema é se esta ‘filosofia
experimental’ não é comum aos dois e depois alguém acaba por sair magoado.
É claro que o acto de namorar não é exclusivo dos
adolescentes, mas é nesta fase da vida que esta experiência do namoro aparece
pela primeira vez, com um peso significativo para a nossa personalidade,
cobrando custos ao que somos e ao que seremos. Sim, porque o que fazemos hoje
terá forçosamente um reflexo no amanhã, próximo ou longínquo, e nas questões das
relações afectivas a este plano, é importante que cada passo seja bem pequeno,
como quem não sabe o que esperar e avança cuidadosamente. Errar é um verbo
inevitável, e não o podemos temer, mas aprender com os erros é, neste campo
(como em muitos outros), algo vital. A sociedade avança a passos largos para
algo que não se sabe bem o que é. Mas avança rápido. E isso reflecte-se nos relacionamentos. Pré-adolescentes agem como adolescentes, adolescentes como
adultos… A informação é muito importante, sem qualquer dúvida, mas a forma
como é processada, hoje em dia, faz com que algumas das etapas para a
edificação de uma relação saudável, sejam queimadas, restando espaços ocos, em
que mais tarde ou mais cedo, acaba-se por tropeçar.