Um grupo pequeno
Como indicação genérica, um grupo não deve ter mais de 10 elementos. Porque este número permite uma relação cara-a-cara, um diálogo franco, a possibilidade de agir em conjunto e de recuperar das tensões e conflitos. Esta “pequena” dimensão do grupo permite que cada um se possa sentir como “importante”, quase indispensável, pelos outros membros do grupo e pelo catequista
Um lugar
Parece óbvio que o grupo de catequese se encontre sempre no mesmo sítio. É uma questão prática. Mas é também uma questão educativa: os elementos precisam de um espaço, de um lugar que eles sintam como seu. E para isso deve haver a possibilidade de o decorarem à sua maneira. Não são muitas as paróquias onde se possa reservar um espaço para um único grupo. Mas a decoração desse espaço favorece o sentido de pertença.
Uma organização
Dentro de um grupo saudável, começarão a parecer papéis diferentes que nascem das diferentes capacidades e personalidades dos membros do grupo. É bom que o catequista aceite e promova estes diferentes papéis. Se há alguém que aparece como líder do grupo, se há alguém mais disponível para a organização, se há alguém mais capaz de contar uma anedota… o catequista deve sabê-lo, pôr esses dotes ao serviço do grupo e reconhecer publicamente esses papéis.
As actividades
Seja dentro de cada sessão de catequese, seja em actividades extra, é sempre verdade: aprendemos fazendo. Se aparece a ideia de preparar um lanche com os pais, é importante que os elementos se envolvam na preparação e execução do tal lanche. Claro que vão ter dificuldades, discutir entre eles, sentir-se frustrados, obrigar o catequista a dar uma mão, levar o catequista a perder a paciência… mas vão crescer como pessoas e como crentes ao fazê-lo. É claro que, sozinho, o catequista organizaria tudo melhor e mais depressa. Mas teria perdido a oportunidade de fazer crescer o seu grupo.
Mesmo a mais “banal” das catequeses deve ser apresentada e vivida como “algo que se faz”. Uma catequese em que o elemento do grupo é convidado a estar sentado e calado, onde a sua “participação” consiste em responder “sim” ou “não” a perguntas que nada têm a ver com a sua vida… é um convite para o desastre.
A consciência de ser grupo
Um grupo precisa de ter a sua identidade. Para os indivíduos é importante fazer parte de um “nós”. Este “nós” só aparece quando há acordo sobre os objectivos últimos, sobre os valores, as regras de funcionamento, os estilos a apreciar e a rejeitar.
A identidade do grupo é um ponto de partida e um ponto de chegada. Há um “mínimo comum” necessário para começar a ser grupo: acordo sobre o horário, sobre a intenção básica da catequese, sobre o tipo de comportamentos aceites, sobre a lealdade devida aos colegas e ao catequista… Mas é normal que o ponto de chegada esteja mais claro na cabeça do catequista do que na dos membros do grupo. É o catequista que sabe que este grupo, tão hesitante, onde uns participam por rotina, outros por motivos mais sociais, deve crescer e tornar-se experiência de Igreja, lugar onde se aprende a escutar e a seguir o Senhor Jesus.
Um grupo aberto
O grupo que defendemos aqui não é uma ilha isolada. Os catequizandos, além de membros do grupo de catequese são filhos das suas famílias, são alunos numa escola, são navegadores na internet… E a catequese que fazemos tem de ter a coragem de escutar todos esses espaços onde decorre a vida dos membros do grupo.
Mas, ao construir um grupo onde dá gosto estar, não queremos criar um oásis de qualidade no meio de um deserto. O “nosso” grupo de catequese é um grupo no meio de outros. Na nossa paróquia há outros grupos do mesmo ano, há grupos com miúdos mais novos e mais velhos. Na nossa paróquia há grupos de escuteiros, de acólitos, de coro, de…
Queremos um grupo aberto. Para saber que há outros grupos. Para os saber apreciar. Não faz sentido nenhum “apoucar” os outros grupos para exaltar o nosso!
E é nessa comunhão-comunicação entre os vários grupos que os elementos vão aprendendo a ser Igreja, a ser membros alegres e participativos da comunidade cristã.
[Artigo da autoria de Rui Alberto, originalmente publicado na revista Catequistas, 2012]