por ordem de Pio IX, lemos:
«Não contava ainda dois anos, quando faleceu o meu pai, e não me lembro da sua fisionomia… Apenas me recordo — e é o primeiro facto da minha vida de que guardo lembrança — que minha mãe me disse:
— Já não tens pai!
Todos saíam do quarto do defunto; só eu queria lá permanecer.
— Vem, Joãozinho, vem comigo — repetia ela, imersa na dor.
— Se o paizinho não vier, eu também não vou — respondi.
— Pobre filhinho — lastimava a mãe — vem comigo: já não tens pai.
E, dizendo isto, desatou a chorar, levou-me pela mão para fora do quarto, enquanto eu, ao vê-la chorar, chorava também. Não compreendia. ainda quão grande fosse a desgraça de perder o pai. Mas nunca pude esquecer aquela frase entrecortada por soluços:
— Já não tens pai».
Tinha, porém, a velar por ele um coração de mãe,consciente da sua dignidade e das responsabilidades de tão nobre missão.
«Recomendo-te os nossos filhos — dissera o pai pouco antes de morrer — mas, duma maneira especial, o João¬zinho».
Margarida cumpriu à risca este desejo do marido.
Ensinou o filho, logo de pequenino, a ler no grande livro da natureza: os campos verdejantes, as flores mimosas, o amanhecer, o pôr-do-sol, as estrelas… tudo lhe servia para ensinar o seu Joãozinho a conhecer o Senhor.
Ao percorrer estas páginas, poderá o leitor admirar os benéficos resultados da educação ministrada por tão sábia educadora.
A máxima que, com frequência, repetia, era esta:
— Deus te vê!
E dela nascia o temor de O ofender e a alegria de O amar.