«Adolescente» deriva do latim «adolescens», particípio presente que indica uma acção em acto, tendente à sua realização completa. Significa «em vias de crescimento». Enquanto que «adultus», é o particípio passado e significa acção já completada, «crescido».
A etimologia da palavra põe-nos no bom caminho para compreender esta idade que os psicólogos colocam entre os 14 e os 18 anos: o tempo do avançar firmemente para a maturidade.
Esta idade, inexistente na civilização rural onde contavam apenas os adultos, saiu prepotentemente à ribalta nos últimos cinquenta anos, sobretudo com a difusão generalizada das escolas.
Deram-se contornos precisos a uma grande multidão de adolescentes, não dispostos a darem importância a um amanhã «de adultos» cada vez mais longínquo.
Um ulterior impulso a estas idades veio da revolução sexual e da promiscuidade em todos os ambientes.
Num contexto cultural inundado de estímulos sexuais destinados a derrubar todo o tabú e proibição, afastadíssimos de um matrimónio empurrado para o final dos longos anos de universidade ou depois de arranjar um emprego seguro, os adolescentes elaboraram um modo todo seu de estar juntos que permitisse viver «de imediato e verdadeiramente» os impulsos que outrora constituíam os lânguidos suspiros e os apaixonados sonhos dos «Romeu e Julieta», na breve espera do namoro oficial e do matrimónio.
Deste modo se desenvolveu o «mundo dos adolescentes» com usos e costumes próprios, muitas vezes em contraste com o dos adultos.
Um mundo tão definido que às vezes parece não corresponder à definição de «adolescere», de tender para o «adultus».
É o mundo dos «teenagers» (como lhe chamam os americanos), e que pode produzir efectivamente pessoas incapazes de crescer.
A sociedade de consumo, com a fascinante e omnipresente publicidade, voltou-se para este mundo, que tem nas mãos as mesmas «cartas» dos grandes (sair, amar, viajar, protestar, fazer amigos…) sem carregar com os empenhos duros e exigentes da idade adulta.
Quem melhor que o adolescente, que não experimentou quanto suor, cansaço e humilhações custou aquela nota de cinco euros, pode ser convencido a desejar, comprar, consumir?
Os publicitários sabem-no bem.
Eis a adolescência. Idade estupenda devido à beleza física e frescura sentimental; lamentada pelos adultos como o tempo da irreflexão; pilar do consumismo, criador de sempre novas e até extravagantes necessidades.
Iremos falar dela, não para os estudiosos ou os adultos que cada vez mais se interessam por compreendê-la, controlá-la, ajudá-la e aproveitar-se
dela: eles já têm muitos livros sobre o assunto!
Falamos para os adolescentes que lerem estas linhas. Descreveremos luzes e sombras, crises e entusiasmos, alegrias e tristezas.