Palavra de Deus
Leitura do Evangelho segundo São Lucas (Lucas 4:1-12)
Naquele tempo, cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito Santo ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. Disse-lhe o diabo: «Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem.»
Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo e disse-lhe: «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.»
Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.»
Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.»
Palavra da salvação
Todos: Graças a Deus.
Silêncio
Reflexão da Palavra de Deus
– A tentação do deserto
Segundo o Evangelho, a primeira tentação de Jesus tem por cenário o deserto. Ali, após 40 dias sem comer, sente fome e o tentador incita-o a deixar o seu plano de jejum e converter as pedras em pão.
O povo de Israel teve a mesma experiência. Depois de sair da escravidão do Egipto e entrar na liberdade do deserto, durante 40 anos experimentou uma fome parecida. Perante a escassez de alimento, o povo caiu na tentação. Revoltou-se contra Moisés, desejou poderes especiais para fazer aparecer alimento, e até chegou a desejar ter poder para voltar para a escravidão do Egipto, onde comia bem (Ex 16). Muitos anos depois, Moisés havia de lhes atirar esta fraqueza à cara, dizendo-lhes que deveriam ter pensado que não só de pão vive o homem, mas também de tudo o que sai da boca do Senhor (Dt 8,3).
Mas, quando sobreveio essa mesma tentação, Jesus negou-se a usar os seus poderes especiais em benefício próprio; e, recordando aquelas palavras de Moisés, apresentou-as ao diabo e derrotou-o.
Quais são as minhas tentações de egoísmo e de auto-satisfação exagerada que quero superar?
Silêncio
– A tentação do monte
A terceira vez que Jesus defronta o tentador é num monte muito alto, donde, numa visão imaginária, contempla todos os reinos de então. Desta vez, Satanás vai directamente ao assunto e mostra a finalidade das suas tentações, abandonar o Pai e converter-se num adorador do diabo, para obter melhores benefícios e riquezas na sua vida.
Também Israel teve esta tentação no deserto: abandonar Deus e fabricar para si um ídolo, um bezerro de oiro a quem adorar. E tinha sucumbido à tentação (Ex 32). Com a sua infinita e habitual paciência, Moisés dirigiu um discurso ao povo antes de este entrar na terra prometida, pedindo-lhe que agora não se deixassem tentar pelos outros deuses que ali pudessem encontrar, pois «só a Deus se deve adorar, e unicamente a Ele se deve dar culto» (Dt 6,13).
Jesus viveu esta mesma tentação de adorar a outro além de Deus Pai. E superou-a novamente com as palavras de Moisés, que lhe serviram de argumento vencedor
Quais são as minhas tentações que me afastam de Deus e de domínio dos outros que quero superar?
Silêncio
– A tentação do pináculo
O segundo encontro entre Jesus e o diabo tem lugar no pináculo, um lugar muito alto normalmente localizado no cimo de um palácio ou castelo.
Ali é convidado a atirar-se, para provar que Deus cuida sempre dele e não permite que lhe suceda qualquer mal.
Também Israel tinha passado por uma situação parecida. Na localidade de Massá, no deserto, tinha faltado a água. Sabiam que Javé estava com eles e nunca os abandonava. Mas para prová-lo e ver se era certo que Deus não permitiria que nada lhe acontecesse, exigiram a Moisés que fizesse aparecer água com um sinal maravilhoso. Caíram na tentação de usar a Deus. E apesar disso, Deus fez-lhes o milagre, sem mais (Ex 17,1-7). Mas Moisés, recordando este episódio, anos mais tarde repreendeu-os: «Nunca mais voltem a tentar a Deus» (Dt 6,16). Agora era Jesus quem tinha esta mesma tentação: pôr Deus à prova, atirando-se do tecto abaixo para ver se era certo que Deus sempre estava com Ele. Mas o Senhor, recordando outra vez o conselho de Moisés, voltou a citá-lo ao diabo para o vencer.
Quais são as minhas tentações de domínio de Deus ao querer usá-lo para meu proveito próprio?
Silêncio
Neste momento, para refletir as nossas tentações e ajudar a exteriorizá-las, será dado um pedaço de carvão com o qual deverão pintar na silhueta alguns lugares que signifiquem as várias tentações pessoais.
Cântico: Nada temo
Se me envolve a noite escura
e caminho sobre abismos de amargura,
nada temo, porque a luz está comigo. (bis)
Se me colhe a tempestade
e Jesus vai a dormir na minha barca,
nada temo porque a Paz está comigo. (bis)
Se me perco no deserto
e de sede me consumo e desfaleço,
nada temo, porque a Fonte está comigo. (bis)
Se os amigos me deixarem
em caminhos de miséria e orfandade,
nada temo, porque o Pai está comigo. (bis)
Se os descrentes me insultarem
e se ímpios mortalmente me odiarem,
nada temo, porque a Vida está comigo. (bis)