As propostas foram retiradas do livro “Dias mundiais”, disponível aqui.
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CONTEÚDOS
Conceitos
• Biografias de Miguel de Cervantes e de William Shakespeare.
• Leitura compreensiva e expressiva de alguns excertos destes autores.
• Análise de diferentes fragmentos literários.
Procedimentos
• Comentário de textos.
• Redacções.
• Procura, no dicionário, de palavras desconhecidas.
Atitudes
• Reconhecimento da importância de escrever um bom texto.
• Respeito pelas criações de outras pessoas.
• Reconhecimento da importância e da dificuldade de inovar em termos de criação literária.
MATERIAL AUXILIAR
• Cartolina e material de pintura.
• Textos variados e actuais seleccionados pelos professores.
• Biografias de escritores famosos: Lope de Vega, Pérez Galdós, Camilo José Cela, Azorín, etc..
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A 23 de Abril comemora-se a morte de dois escritores mundialmente famosos: Miguel de Cervantes e William Shakespeare. Vamos rever as suas biografias para os conhecermos melhor.
MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA
Nasceu em Alcalá de Henares, em 1547, e faleceu em Madrid, em 1616. O pai, Rodrigo de Cervantes, era um médico de escassos recursos; de sua mãe, Leonor de Cortinas, não são conhecidos quaisquer dados. Segundo parece, Cervantes estudou com os jesuítas de Córdova ou Sevilha e, talvez, em Salamanca. Podemos afirmar com bastante certeza que foi discípulo de López de Hoyos, na Universidade de Madrid.
Em 1569, viajou para Itália no séquito do cardeal Acquaviva; alistou-se como soldado em 1570 e participou na batalha de Lepanto a bordo da galera Marquesa; sofreu vários ferimentos na mão e na testa, dos quais se orgulharia toda a vida. Bateu-se, depois, nas campanhas de Corfu, Navarino e Tunes.
Durante o regresso a Espanha, em 1575, a galera Sol foi atacada por embarcações turcas, tendo Cervantes sido feito prisioneiro e levado para a Argélia. Durante o cativeiro escreveu a Epistola a Mateo Vasquez. Em 1580, Juan Gil conseguiu o seu resgate por 500 ducados.
Já em Espanha, foi nomeado colector real de trigo e azeite para a Armada Invencível. Teve uma filha, Isabel, fruto dos seus amores com Ana de Villafranca. Em 1584, casou com Catalina de Salazar y Palácios.
Esteve preso duas vezes por fraude e dívidas e, em 1603, foi novamente preso depois de terem encontrado o cadáver de Gaspar de Ezpaleta na porta de sua casa, tendo sido libertado por falta de provas.
Em 1605, publicou a primeira parte do D.Quixote; a segunda viria a público em 1615. A sua última obra, Los Trabajos de Persiles y Segismunda, contém uma dedicatória despedindo-se dos seus leitores, assinada três dias antes de morrer.
Faleceu a 23 de Abril de 1616.
WILLIAM SHAKESPEARE
Nasceu em 1564, en Stratford-upon-Avon. O pai era um comerciante de luvas, couro, madeira e trigo, e a mãe chamava-se Mary Arden. Ao que tudo indica, frequentou durante aproximadamente seis anos a Grammar School, ou escola primária, cuja disciplina básica era o latim. Em 1582, casou com Anne Hathaway, de quem teve dois filhos, Hamnet e Julia.
Em 1587, em Londres, tentou diversas profissões, tendo optado pela de actor. Conheceu a prática teatral antes de escrever para o teatro e reviu e corrigiu obras dramáticas de outros autores. Londres proporcionou-lhe o que a província não lhe podia dar: as discussões inflamadas até ao romper da aurora, a polémica literária. Durante os tumultos políticos, Shakespeare continuou a exercer a sua profissão, a discutir nas tabernas, a observar, a sonhar e a escrever.
Os seus primeiros dramas históricos datam de 1591. Em 1596 morre-lhe o filho, Hamnet.
Em 1597, adquiriu propriedades no seu condado natal, mas continuou a viver em Londres. Dois anos depois, inaugurou o Globe Theatre e, a partir de 1069, utilizou também o teatro coberto de Blackfriars. A representação da primeira das suas grandes tragédias, Hamlet, teve lugar em 1602; a última, Antonio e Cleópatra, foi levada a cena em 1607.
Em 1610, regressou à sua vila natal, depois de ter cumprido um dos seus muitos objectivos, alcançar fortuna.
Segundo a hipótese avançada por De Quincey, para Shakespeare a verdadeira publicidade consistia na representação teatral, e não na impressão de um texto.
Pouco antes de morrer fez o seu testamento, o qual menciona bens móveis e imóveis, mas nem um único livro.
Faleceu a 23 de Abril de 1616.
O autor criador da sua obra
É provável que, quando escreves uma redacção, faças um grande esforço. Por isso, não gostas que os teus colegas copiem o teu trabalho, ou, pelo menos, que o façam sem a tua autorização – não é verdade? Neste dia sublinha-se a importância do trabalho criativo e pessoal de todos os escritores.
O escritor Jesús Carazo , na sua obra Los límites del Paraiso, descreve assim a relação existente entre o autor e a sua obra:
“De manhã, sentava-me a escrever em plena efervescência e trabalhava duas horas, das quais normalmente resultavam quinze linhas. Era impossível ir mais longe. Nalgum dia especialmente rico, conseguia engendrar a minha meia página em 30 minutos; então adentrava-me, sem poder evitar, nas areias movediças da correcção. E as minhas exigências estéticas não se ficavam pela depuração do estilo: era necessário que o texto não apresentasse nem uma só correcção e que as linhas fossem passadas à máquina com uma uniformidade obsessiva. Assim, via-me obrigado a copiar o texto quatro, cinco, seis vezes. Era como se a qualidade literária apenas alcançasse o seu nível mais alto quando a meia página se transformava num objecto de contemplação, numa imagem, num quadro. Por vezes, ao lê-lo de novo, experimentava um prazer intensíssimo, um júbilo carregado de promessas. Parecia-me, até, aflorar com os dedos os frutos dourados da glória literária. Em geral, estes momentos de êxtase coincidiam com circunstâncias alheias à minha pluma: o sol iluminando as acácias da alameda, o adeus amoroso de Sophie naquela manhã, o cheque de alguns dos meus alunos descoberto minutos antes na caixa do correio…
• Imagina que trabalhas num jornal e que, com base no texto, tens que explicar como são a inspiração e o trabalho de um escritor.
• Que passos segues quando tens que redigir um texto breve? Onde vais buscar as ideias? Corriges o que escreveste?
Copiar é fácil
Inventar uma história de forma a que outras pessoas a possam imaginar, e até quase sentir, é próprio dos grandes escritores. Lê o seguinte texto com atenção:
Abria a porta do apartamento decidido a sentar-me a escrever ?…? Estava a ponto de começar a trabalhar quando me dava conta de que, absorvido pelo desfiar das minhas futuras glórias literárias, me tinha esquecido de comprar alguma coisa para comer. Corria de novo pela escada abaixo à procura de um estaladiço feuilleté au jambon ou de um bocado de tarte de cebola. Regressava, ofegante, dez minutos mais tarde. Agora sim, agora sim. Abria a pasta das folhas e media com uma pequena régua a altura do monte; apenas doze milímetros. A leitura da página que tinha enevoado a véspera enchia-me de um desalento inultrapassável. Caía lentamente numa espiral hipocondríaca. Nunca escreveria um best-seller. Nunca seria doutor honoris causa por nenhuma universidade americana. As revistas cor-de-rosa nunca contariam os detalhes pitorescos da minha actividade literária. O meu futuro como escritor desmoronava-se como um desses edifícios majestosos que, dinamitados por um japonês baixinho, desaparecem em poucos segundos entre uma efémera nuvem de poeira.
Por fim, após umas duas horas de desesperada obstinação, conseguia produzir 15 linhas (tantas quantos os cigarros que me via obrigado a fumar). Terminava num estado de náusea, com o cérebro pressionando-me surdamente as paredes do crânio. Durante alguns minutos, experimentava uma vaga sensação de optimismo – apesar de ter a certeza de que, no dia seguinte, quando lesse de novo aquelas páginas, voltaria a pensar que a literatura universal não perderia nada se deitasse para o cesto dos papeis os meus doze milímetros de obra.
Jesús Carazo, Los límites del paraíso
Como é difícil criar!
Enumera várias razões pelas quais, na tua opinião, os direitos de autor devem ser respeitados.
De que circunstâncias depende que uma obra seja “genial” e passe a ser considerada “obra de arte” – e, como tal, passe a ser lida e estudada? Aponta algumas das características que tal obra deve possuir.
Profissão… escritor
Inventa diferentes enredos para livros futuros:
• Para uma história de ficção científica: os robôs de uma nave ficaram danificados e perderam as coordenadas de localização. Têm que aterrar num planeta desconhecido que…
• Uma história juvenil: a Marta estava a tentar estudar para um exame de ciências, mas a sua cabeça estava noutro lugar. No fim-de-semana anterior presenciara um assalto e tinha reconhecido um colega de turma entre os assaltantes. Agora debate-se entre…
Momentos para reflexão:
• Quantos livros leste ultimamente?
• Se a resposta foi um número baixo, quais são as razões?
• Que achas mais interessante, um filme ou um livro?
• Por que motivo?
{tab=Trabalho de grupo}
Momento de leitura
É costume ler o D.Quixote ou um excerto desta obra no dia que hoje celebramos. Seleccionamos este fragmento breve, que pode ser lido em voz alta, e que pertence ao “curioso discurso que fez D.Quixote sobre as armas e as letras”. Nele, fala-se da diferença existente entre um escritor e um soldado.
O texto pode ser lido por vários membros do grupo ou pode-se organizar uma sessão de leitura da obra completa ou de algumas das suas partes, com a participação da turma inteira, ou mesmo, de todos os alunos da escola.
Alcançar alguém a eminência das letras é coisa que custa tempo, vigílias, fome, nudez, vágados de cabeça, padecimento de estômago e outras semelhantes a estas, que já em parte deixo apontadas; mas chegar a ser um bom soldado custa tudo isto por que passa o estudante, e em grau tanto mais subido porque a cada passo se acha no risco de perder a vida, o que torna impossível a comparação entre o militar e o letrado; e que receio de precisões ou de pobreza pode afligir o estudante que chegue ao que tem o soldado, quando em um cerco é mandado fazer a guarda em um parapeito ou revelim e pressente que o inimigo está fazendo uma mina direita ao ligar por ele ocupado, e que a sua honra e o seu dever militar lhe vedam arredar-se um passo da posição onde se acha, e também não lhe permitem esquivar-se ao perigo que tão próximo se lhe apresenta? O que somente pode fazer é dar parte ao seu capitão do que sucede, para que o remedeie com alguma contramina, e ele conservar-se quedo e firme no seu posto, esperando a cada momento voar até às nuvens sem ter asas e cair depois sobre a terra contra a sua vontade.
E se este a alguns parece pequeno perigo, vejamos se porventura é menor o de duas galeras que mutuamente se investem no espaçoso mar, aferradas às quais uma à outra pelas proas, não fica ao soldado mais lugar que o de uma tábua de três palmos junto do esporão; e, apesar de tudo isto e de conhecer diante de si tantos sinistros de morte, que o ameaçam, quantos são os canhões assestados da parte contrária à curta distância de um tiro de lança, e de ver que o primeiro descuido dos pés o levaria a visitar os abismos profundos de Neptuno, guiado pela briosa inspiração do dever e da honra militar, se expõe a ser alvo da mosquetaria e se esforça por passar o passo estreito e tão perigoso que o separa da embarcação do inimigo; e o mais admirável é que, mal um tem caído em sítio donde até ao fim do mundo não se levantará mais, outro vai imediatamente substituir-lhe o lugar, e, se este é de maneira igual engolido pelas goelas insaciáveis do mar, outro e outro lhe sucedem sem dar tempo ao tempo de suas mortes: atrevimento e valentia a maior que pode encontrar-se em todos os transes da guerra.
Venturosos foram aqueles séculos que careceram da espantosa fúria destes endemoninhados instrumentos de artilharia, cujo inventor tenho cá para mim que está recebendo no inferno o prémio devido à sua diabólica invenção, com a qual proporcionou meios a um braço infame e covarde para tirar a vida a um valoroso cavaleiro, pois se vê amiúde que, sem saber-se como nem por onde, chega uma bala disparada por um indivíduo, que talvez fugisse espantado com o brilho do fogo que produziu a maldita máquina quando deu o tiro, e corta e acaba a vida de um militar brioso, quando este estava combatendo corajosa e valentemente, animado pelos sentimentos que acendem e entusiasmam os peitos generosos, vida preciosa que deveria conservar-se por longos anos.
E assim, considerando eu isto, estou capaz de afirmar que me pesa no íntimo da alma haver abraçado este exercício de cavaleiro andante em tempos tão detestáveis como estes em que agora vivemos; porque, ainda que eu seja daqueles a quem não há perigo que meta medo, muitas vezes me sinto receoso de que a pólvora e o chumbo me roubem a ocasião de tornar-me famoso e conhecido pelo valor do meu braço e pelo fio da minha boa espada em todos os cantos da terra; porém, disponha o Céu como lhe aprouver, que tanto mais estimado serei se levo a cabo o que pretendo, quando me tenha exposto a perigos bem maiores que aqueles a que se expuseram os cavaleiros andantes dos séculos anteriores.
Miguel de Cervantes, D.Quixote de la Mancha, capítulo XXXVIII
Oficina de marcadores de páginas
Os marcadores de páginas servem para indicar a página do livro em que ficou a leitura. São muito práticos, pois assim não precisas de dobrar páginas, nem de decorar o número da página em que ficaste. Compram-se nas livrarias e papelarias e, normalmente, são feitos de cartão fino. As editoras utilizam-nos para publicitar as suas novidades. Vamos fazer os nossos próprios marcadores seguindo as instruções:
• Pegar numa folha de papel grosso ou num cartão fino e dividi-lo em partes iguais. Seguidamente, recortam-se os rectângulos obtidos:
• Decorar os bordos de cada rectângulo em separado:
• Depois, coloca-se no marcador um desenho ou fotografia. Finalmente, escreve-se o texto que se desejar:
Outras actividades
– Visitar bibliotecas e procurar obras e autores.
– Projecção do filme O homem de La Mancha, seguida de debate.
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– Projecção do filme A paixão de Shakespeare, seguida de debate.
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