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Dois tipos de pessoas

Há os optimistas e os pessimistas. Há os do Norte e do Sul. Há os... e os...
Não gosto destas distinções simplistas. A realidade é muito mais rica do que distinções em dois grupos. Nós, com as nossas contradições, somos muito mais ricos do que isso.
Mas, noutro dia, alguém me disse: Há dois tipos de pessoas no mundo: os que admitem que precisam de algo e os que não o admitem.

E isto também se aplica a todos os que educam na fé.

O bom animador admite as suas carências

Há muitos níveis de admissão de carência. O que importa é aquele mais autêntico, o do coração.
Às vezes, um padre, um catequista, um professor, um animador, trabalha num ambiente onde se aceita a luta e a necessidade de progredir e de se superar.
Mas tantas vezes, é-nos pedido (=imposto) que sejamos já perfeitos, sempre sorridentes, capazes de tudo.
Bom… até se aceita que nós lutemos… desde que o façamos em privado e em direcção à vitória.
E esta atitude é um convite à mentira e à falsidade. Somos o que somos. Homens e mulheres pecadores, que avançam atraídos pela misericórdia de Deus; caminhantes ansiosos por serem confortados pelo abraço do Pai que está um pouco mais além.
Esta consciência de que somos, todos, pecadores em conversão é muito saudável.
Reconhece com lucidez quem somos. E reconhece quem Deus é.
E permite não excluir quem se engana.
Estou cansado de ver jovens e catequistas que abandonam a fé, a comunidade porque não há espaço para fracassados
Ser exigente connosco mesmos não é o mesmo que estar proibido de ter dificuldades.

Por um ambiente onde se pode ser verdadeiro

A experiência de sermos amados e perdoados, todos, por Cristo é necessária para criar no grupo, na comunidade, um ambiente onde também os outros se sintam à vontade para partilharem as suas dificuldades, as suas batalhas e feridas.
Não para elegermos como virtudes a abertura ou a vulnerablidade. O essencial é ajudarmos todos (a começar por nós mesmos) a construir uma relação de confiança, intimidade e ternura com Cristo.
Não nos interessa celebrar a nossa própria miséria. Mas sim a Cristo que nos chama a ser mais, a viver melhor.
As pessoas querem viver a fé. Mas estão cansadas de mentir. Estão cansadas de fingir que as suas vidas são melhores quando na realidade não o são. (Já reparaste que à pergunta-saudação Tudo bem? é obrigatório responder Tudo bem! Quando dizemos que nem tudo está bem, que isto e aquilo vai mal, o outro foge de nós…

Na catequese, na família, nos grupos de jovens… há uma alternativa. Sermos reais. Admitirmos as nossas fraquezas, lutas e contradições.
E não nos ficarmos por aí. Recordamos (= trazemos de novo ao coração) que Cristo está perto de nós e que a Sua voz nos convida a levantar, que nos convida à superação.

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