Hoje, ele pode ensinar-nos a usar… as mãos.
Cada um de nós pode usar as suas mão para agarrar. Agarrar dinheiro, roupa chique, maquilhagem sofisticada, telemóveis de gama alta, fama. Até podemos estar numa relação agarrando o outro. Francisco começou a sua vida agarrado ao dinheiro do pai dele (mercador rico), agarrado a uma espada (tinha a mania que andar na guerra a matar pessoas era uma coisa gira, agarrado às meninas bonitas da cidade de Assis…
Mas, acolhendo a memória de S. Francisco, podemos dar um uso mais inteligente às mãos. Podemos soltá-las de todas as coisas que tentávamos agarrar. E que nos amarravam a nós. E podemos tê-las, livres e abertas para tudo aquilo que Deus tem para nos oferecer.
Aqui há uma escolha radical. Não podes ter as mãos agarradas e ao mesmo tempo livres para acolher. Quando estás com as mãos presas a um qualquer objecto de consumo, não consegues ter o coração aberto para a alegria que Deus tem para ti. Se estás obcecado com a tua aparência e com o que os outros jugam de ti, não vais conseguir acolher a luz e a esperança que Deus te oferecem.
A radicalidade de Francisco de Assis esteve aqui mesmo. Na vontade enérgica de se libertar de todas as mentiras que lhe prendiam as mãos e o coração.
E neste esforço de abrir o seu coração e a sua vida à generosidade de Deus, Francisco faz uma descoberta extra. Quando temos as mãos livres para receber a Deus, tornamo-nos capazes de levar as mãos ao encontro do irmão. Para um abraço, para um carinho.
Foi essa liberdade interior, esse coração cheio de Deus que permitiu a Francisco beijar o leproso, amar os miseráveis da sua cidade e partir para o Oriente amando os muçumanos que ocupavam a Terra Santa.