6. Meditação
No final da leitura vale a pena contemplar mais uma vez os dois quadros: o da viúva de Sarepta e o da viúva de Naim. Aquela está em casa, conhecedora da força profética de Elias com o seu filho morto. Ao serem conhecidos e amigos, mais aumenta a densidade do drama e a confiança no Deus de Elias que irá curar o menino. No segundo quadro tudo se passa a partir da pessoa de Jesus. Jesus comove-se. Manda parar o cortejo fúnebre e intervém num gesto de amor misericordioso, acompanhado pela dor de entranhas, própria da misericórdia, como aconteceu com o bom samaritano ou com o pai do filho pródigo. É o verdadeiro triunfo da vida. O gesto de Jesus é pessoal, íntimo, deslumbrante diante da nossa fragilidade. Só Ele nos pode curar, Ele que é o Senhor da vida.
7. Oração
Quantas perguntas trago em mim, Senhor, às quais nunca darei resposta. Como dói quando ouço uma adolescente que declara: “não posso aceitar um Deus de cuja existência não necessito e não compreendo porque tenha de existir”. É assim o ser humano.
Às vezes é preciso desempenhar o papel da viúva de Sarepta ou da viúva de Naim para perceber como Tu, meu Deus, és mais íntimo em mim do que eu mesmo.
8. Contemplação
Quando agarro a vida
Chegou a hora. Estou cansado de Te fugir, Senhor. Quero mudar de vida.
Eu sabia que Tu me haverias de tocar um dia
E que tudo mudaria.
Um dia vencerias as debilidades e o pecado.
A tua força seria maior que a minha fraqueza,
Jesus, horizonte na vida e no amor.
A morte dum jovem parece injusta. Temos que acreditar no Deus amor.
Hoje somos convidados, chamados a deixar-nos ferir pelo Teu olhar.
São gestos luminosos.
É urgente experimentar uma ressurreição interior para a transmitirmos.
Descer ao profundo de nós. Aí receberemos uma vida abundante.
Poema
Um canto à vida em Naim
Ao vê-la, o Senhor compadeceu-se dela
E disse-lhe: “Não chores” Lc7, 13
Chorosos da vida deixai passar.
O morto da viúva de Naim viverá.
O filho de Maria o ressuscitará,
Caminheiro profeta do Calvário.
Dolorosa infeliz pobre mulher
Rosto sofredor coração de mãe,
Poente roxo embalsamado em dor
Se transforma em manhã de amor.
Amanhecer de beleza em Naim
Sol de oiro, Páscoa da ressurreição.
O menino dorme o menino acorda
Bate naquela vida o coração.
“Viúva de Naim, não chores,
Sou teu Salvador.
Se me dás teu rosto magoado
Dou-te o teu amor”.
Se eu for morte tu serás vida.
Se eu for sonho tu serás meu guia.
Se eu for rei tu serás castelo.
Quando eu acordar vou-te abraçar.
Então serei praia bordada,
Serra atlântida serei vaga,
Serei mistério em mar aberto.
Festa serei tua eternidade.
“Reza comigo se te queres salvar.
Deus é pura poesia”.
Catequese, Miguel Torga