Sem estruturas, sem meios materiais, galvanizam tudo e todos. Ninguém pode apagar a sua alma potente, o fulgor ou a alegria do seu encanto no Ressuscitado. Passados dois mil anos a atração que encanta é a mesma. Não caminhos infalíveis; apenas propostas de horizontes. Não há sentido único; apenas rampas de liberdade.
João na ilha de Patmos apresenta-nos um compêndio de lutas e martírios: Cristo vivo e vencedor, Rei da glória, é o mesmo que morrendo na cruz triunfa sobre a morte. Ao ser imolado expia os nossos pecados. Por isso, “é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor”.
A manhã da praia reacendeu a vida. Nasceu uma nova luz na única madrugada das nossas vidas. À Palavra de Jesus, as redes se enchem, porque era o Senhor que acendia o lume novo para nunca mais se apagar. E na forma longa, o Evangelho termina com a surpresa “Tu, amas-Me?”. “Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo”, é a resposta a todos aqueles que foram ficando na curva da estrada, desiludidos, depois de tanto ter experimentado o amor do Senhor. “Enquanto Cristo morria na cruz, Pedro morria negando. O Senhor Jesus ressuscita dos mortos e, no seu amor, ressuscita Pedro” (Santo Agostinho).
Bom Domingo.
1. Introdução
Jesus ressuscitado continua como protagonista nas cenas deste tempo pascal de lume novo. O círio continua aceso, as flores e os cantos embelezam as celebrações. Há uma insistência na trilogia dos que aceitam Cristo neste tempo da Páscoa que é o caminho do cristão: primeiro, aceitando o dever de interessar-se por conhecer a pessoa de Jesus; em segundo lugar, aderindo ao seu projeto de amor; em terceiro lugar, dando testemunho da sua fé n’Ele. Neste tempo da Páscoa, a primeira leitura é dos Atos dos Apóstolos, a segunda do livro do Apocalipse e a terceira do Evangelho de S. João.
2. Atos 5,27b-32.40b-41
2.1 Texto
Naqueles dias, o sumo-sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo: «Já vos proibimos formalmente de ensinar em nome de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem». Pedro e os Apóstolos responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas destes fatos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem». Então os judeus mandaram açoitar os Apóstolos. (…)
2.2. Testemunhas da ressurreição
É impressionante a audácia com que os Apóstolos anunciam a mensagem cristã, acompanhando-a com um testemunho corajoso de vida. O livro dos Atos fala-nos da Igreja nascente, congregada em redor dessa fé no Ressuscitado e a tomar consciência do cumprimento, na pessoa de Jesus, de todas as promessas da Antiga Aliança feita aos Patriarcas. Encheram a cidade de Jerusalém com a Palavra da Salvação, centrada no anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
3. Salmo 29 (30): As obras do Senhor
O Salmista regozija-se pelas obras do Senhor, seu Libertador. A luz da cruz dá sentido ao tempo da prova e ao sofrimento humano. O Senhor cura o coração do homem, esquece as suas infidelidades: “Ao cair da noite vêm as lágrimas e ao amanhecer volta a alegria”. Em cada dia começa para o homem um tempo novo.
4. Ap 5,11-14
4.1 Texto
Eu, João, na visão que tive, ouvi a voz de muitos Anjos, que estavam em volta do trono, dos Seres Vivos e dos Anciãos. Eram miríades de miríades e milhares de milhares, que diziam em voz alta: «Digno é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor». E ouvi todas as criaturas (…) exclamarem: «Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos». Os quatro Seres Vivos diziam: «Ámen!»; e os Anciãos prostraram-se em adoração.
4. 2. Banquete do Cordeiro
O Apocalipse apresenta-nos, em linguagem simbólica, as lutas e os martírios da primitiva Igreja. Mas é também a festa do banquete do Cordeiro como Rei e Senhor, dominador de povos e nações porque morrendo triunfou sobre a morte. O Cordeiro ao ser imolado expia os nossos pecados. Por isso, «é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor».
5. João 21,1-19
5.1 Texto
Naquele tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. (…) Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predileto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. (…)
5.2. Reacender a vida
É tão bela esta passagem da pesca milagrosa. O cenário é de mar com barcos embandeirados num ambiente de faina da pesca. Todos os personagens estão no seu lugar. Destacam-se três: Pedro, João e Jesus. Pedro, o mais ardente, João o maior amigo de Jesus que intui a visão de Jesus. O seu amor ardente dava-lhe a dianteira. Então Pedro lançou-se à água para, por primeiro, encontrar-se com o Senhor. Na praia já Jesus preparava a refeição. Deus sempre vai à frente. Tinha sido uma noite amarga para Pedro e para os amigos. A presença do Senhor Jesus ressuscitado tudo muda.