Lectio divina: 5º Domingo Comum (ano A)

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Este 5º Domingo é empenhativo. O tema do “jejum”, tão fora de moda nos tempos de hoje,

era fundamental para a vivência da fé e da relação com Deus. Libertar o homem da terra, das amarras que lhe roubam o horizonte da proximidade de Deus é lança-lo na experiência do abandono, da dependência de Deus e do amor de Deus. A vida do homem como que renasce descobrindo outra vida de que se tem de libertar, de tantas coisas inúteis, desnecessárias e lhe dão a liberdade de pertencer ao Seu Criador.

Dá pena ver irmãos a valorizar coisas secundárias, inúteis, sem tempo para escutar as propostas de Deus. Os símbolos do sal e da luz envolvem o homem, elevando-o a patamares de libertação e salvação dum mundo novo nunca sonhado pelo homem. Que cada um de nós possa professar, hoje: eu sou, dia a dia, o sal que dá sabor, a luz que ilumina todos os de minha casa. O calor do Reino reflete a sua luz em todas as paredes e tudo se faz deslumbramento. Bom Domingo.

1. Introdução
Este domingo 5º do tempo comum é translúcido, cristalino, claro. Não deixa o cristão ficar à deriva sem saber o sentido do seu caminho. Para que se sinta comprometido com a transformação do mundo deve escolher as etapas a alcançar que lhe darão o verdadeiro caminho da felicidade. Nas leituras de hoje encontramos símbolos muito fortes e muito claros que não nos deixam desviar desse caminho. O primeiro símbolo a ser levantado bem alto é a luz definida a iluminar o mundo, (e que nós encontramos tantas vezes noutros textos) não por caminhos estéreis e vazios mas por aqueles que se comprometem seriamente no projeto da paz, da partilha, da comunhão, da justiça, do amor. A segunda leitura acrescenta algo importante e mais específico do cristão: a salvação não vem através de esquemas humanos apregoados nas escolas de sabedoria dos Coríntios de que tanto fala Paulo. Chega ao cristão no momento em que se identifica com Cristo e interioriza a loucura da cruz que é dom da vida. É na debilidade do homem, na sua fragilidade, que podemos esperar uma revelação de salvação. No Evangelho há um convite permanente aos discípulos para que não se deixarem instalar na mediocridade. Não podem constituir autênticas barreiras à luz de Cristo?
2. Isaías 58, 7-10
2.1 Texto:

Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: “Aqui estou”. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».

2.2 Comentário:

Eis-nos diante duma lista que nos faz caminhar na vida nova do Espírito. É tempo para deixar o culto exterior e acreditar que o que conta é o coração, o íntimo de cada um.  O culto exterior pretende-se pomposo e irresponsável mas «este povo honra-Me com os lábios, e o seu coração está longe de Mim». É que não bastam exterioridades. O que verdadeiramente conta é o coração, o íntimo de cada um.
3. Salmo 111 (112)
Bela definição do homem fiel. É eterna a herança do homem misericordioso, compassivo e justo. O homem que teme a Deus é piedoso, amável, e misericordio¬so para com os irmãos que se encontram em necessidade, firme¬mente ancorado na confiança em Deus, mesmo quando se avista no horizonte alguma adversidade. Ele é mesmo «como uma luz nas trevas». (Giuseppe Casarin)
4. 1Coríntios 2, 1-5
4.1 Texto

Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante de ele cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.
4.2 A cultura do saber de Deus.

É a Palavra de Deus que dá sabor a todos os saberes. Só os homens simples têm a capacidade cultural para descobrir o sentido saboroso das coisas. Não há comunhão com Deus e nenhum auxílio da Sua parte se não estivermos prontos para viver em fraternidade com o próximo.

5. Mateus 5,13-16
5.1 Texto

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».

5.2 «Deus é luz»

Jesus Cristo é luz que vem da luz, como dizemos no “Credo”. É por meio dos discípulos de Cristo que os homens acreditarão em Cristo, e, por Ele, irão ao Pai. «Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo.» Uma das mais belas definições de Deus é: «Deus é luz», como lemos em São João (1 Jo 1,5). Hoje, porém, o Evangelho surpreende-nos e repete-nos: tam¬bém o homem é luz; também tu, também vós sois luz. «Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo.» Uma das mais belas definições de Deus é: «Deus é luz», como lemos em São João (1 Jo 1,5). Hoje, porém, o Evangelho surpreende-nos e repete-nos: tam¬bém o homem é luz; também tu, também vós sois luz. Qual de nós ousaria dizer: eu dou luz, eu dou sabor à vida de quem está perto de mim? Pois bem, é inacreditável a confiança de Jesus nos homens, é inacreditável a estima, a esperança que Ele tem por nós!

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