Lectio divina: 5º Domingo quaresma (ano C)

O Pe. Rocha Monteiro, como já se tornou hábito, partilha connosco a sua proposta de lectio para este 5º Domingo da Quaresma.

Bons amigos: Estamos a duas semanas da Páscoa. Somos peregrinos nesta terra. Caminhamos em direção à Páscoa eterna. As leituras deste domingo, a do profeta Isaías, a de Paulo e a de S. João, falam-nos de tempos novos, renovação e conversão. Relatam-nos um Deus apaixonado pelo homem. A meta é Jesus Ressuscitado.

O frente a frente de Jesus com a mulher adúltera marca este Domingo. Num ambiente intenso e discreto, criado pela presença de Jesus, aqueles homens perseguidores sentiram a derrota e, lentamente pousaram, de mansinho, as pedras no chão. Eram nossas essas pedras. Também nós estávamos nessa cena, disfarçados, talvez, mas estávamos. Tinham o sentido profético das nossas atitudes, a história dos nossos pecados, nesta quaresma rubra, prestes a terminar seu percurso. No amor do olhar, Jesus transmite-lhe todo o perdão. O amor de Deus manifesta-se como misericórdia a partir de dentro. Nesta cena é Jesus que vem ao nosso encontro. Um bom Domingo.

1. Introdução
Estamos a duas semanas da Páscoa. Somos peregrinos nesta terra. Caminhamos em direção à Páscoa eterna. As leituras deste domingo, a do profeta Isaías, a de Paulo e a de S. João, falam-nos de tempos novos, renovação e conversão. Relatam-nos um Deus apaixonado pelo homem. A meta é Jesus Ressuscitado.
2. Is 43,16-21
2.1 Texto
O Senhor abriu, outrora, caminhos através do mar, veredas por entre as torrentes das águas. (…) Eis o que diz o Senhor: “Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova que já começa a aparecer; não a vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida. Os animais selvagens – chacais e avestruzes – proclamarão a minha glória, porque farei brotar água no deserto, rios na terra árida, para matar a sede ao meu povo escolhido, o povo que formei para Mim e que proclamará os meus louvores».
2.2 Estamos diante dum texto fabuloso, fascinante mesmo.

O tempo do exílio na Babilónia está a terminar. É um profeta anónimo, o “Segundo Isaías” que nos escreve o livro da consolação (Is 40-55). O nosso texto está na primeira parte deste livro. O profeta passa do vazio duma vida passada na escravidão e na aridez do deserto para a criação e proclamação dum futuro novo, indizível, de liberdade e fidelidade. Do aparente esquecimento de Deus passa para a manifestação do Deus libertador. Uma nova fé na aliança atinge com beleza e proximidade o Deus transcendente.
3.Salmo 125 (126)
3.1 Grandes maravilhas fez por nós o Senhor
O salmo nasce entre a dor do exílio e a esperança do regresso. Passará o inverno, virá a primavera, chegará o tempo da colheita. Tudo mudará. O salmo está envolvido numa súplica de confiança em Javé que não abandonará o seu povo. Quando o Senhor terminar a sua obra brotarão cantos de júbilo e de alegria.
4. Fl 3,8-14
4.1 Texto
Irmãos: Considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a que se recebe pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se funda na fé. Assim poderei conhecer Cristo. (…)
4. 2 O amor de Cristo como identidade do cristão
Paulo está na prisão e recorda os seus amigos de Filipos com esta carta, cheia de ternura. Enfrenta os argumentos dos judaizantes, desmontando a fundamentação na observância da lei quanto à circuncisão e às práticas rituais. Tudo isto nada vale. Só uma vida interior de comunhão plena com Jesus, de doação aos irmãos, na fidelidade à fraternidade cristã é geradora duma vida nova. É fundamento da fé e comunhão com o mistério da ressurreição de Jesus.
5. Jo 8,1-11
5.1 Texto.
(…) Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».
5.2. Um Deus que intercede pelo homem
Olho para o cenário. Uma mulher arrastada é atirada para o chão. Está prestes a iniciar-se o suplício da lapidação. Escreve o grande teólogo Johann Baptist Metz: «O primeiro olhar de Jesus nunca se dirige para o pecado das pessoas, mas sempre para o sofrimento.» Todos baixam os olhos. É o momento do julgamento da lei. Uma pausa.
Jesus escreve no chão. Depois levanta-se, interpela os perseguidores que se retiram em silêncio. Olha para a mulher e o seu olhar encontra o dela. Grande momento de consolação e de cura interior. Jesus volta a olhar. Já não estava ninguém. Só as pedras acusadoras jaziam frias e mudas na calçada. Chama-a de “mulher” como pouco tempo depois o fará com sua mãe no alto da cruz. Santo Agostinho diz luminosamente que só ficaram dois em cena: a miserável e a misericórdia!

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