8. Contemplação
8.1 Serás grande
O grande milagre é Jesus que não se deixa impressionar pelos meus defeitos.
Repete-me vezes sem conta: podes fazer algo de belo, de grande,
pelos homens e por mim.
Por isso deixaram tudo e seguiram Jesus.
Deixam tudo, mas para ter tudo; não porque não tenham valor as coisas quotidianas,
mas, antes, porque no mar de Deus adquirem intensidade o afeto pelos filhos,
o amor do casal, a capacidade de dom, os sonhos.
E Jesus faz-te sair do pátio da casa, do pequeno círculo dos afetos, para uma casa
grande como o mundo. Dos percursos e giros do lago para o mapa do mundo.
Neste Evangelho comove-me o modo como o Senhor dirige a nós, aquelas suas
palavras: peço-te, não temas, serás delicadeza, coragem, futuro.
Consola-te, depois de uma noite, de cem noites de fracassos,
sem ter apanhado nada, mas não por simples consolação,
acrescenta: Faz-te ao largo! Levanta-te e caminha!
Oferece-te o mundo:
«Não temas. Daqui em diante serás!»
Daqui em diante serei qualquer coisa, Senhor,
se a tua graça fizer de mim algo que sirva a alguém.
8.2 Faz-te ao largo
Faz-te ao largo
«Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca».
Barca de nada barca de sonho,
Barca vazia em lago medonho,
Marejar das águas espuma branca.
Manhã vazia.
Luz e brilho no sorriso de Pedro
Irá para o mar em nome de Jesus.
Na água da praia cintila uma luz.
É a do Mestre.
Faz-te ao largo Pedro, faz-te ao largo.
Leva o remo, as redes. Num instante
Na praia a pesca será abundante.
Nova vida.
Braços tensos dum pobre pecador
Pedro ajoelha com tanta emoção
Pedindo que se afaste seu Senhor.
Com imenso amor.
Olhou para mim de mim se enamorou
Chefe de apóstolos me colocou.
Amei-o com ternura loucamente,
Meu rei, meu Senhor.
Liturgia de incenso esta missão
Seguir-te-ei Senhor para onde quiseres.
Plantarei teu jardim de malmequeres,
Farei festa.
Faz-te ao largo, criança, cresce cresce.
Brinca, canta, sonha, amadurece.
Brilharão teus olhos
com novo encanto
Tu vencerás.
Faz-te ao largo jovem na terra amada,
Tua a flor viçosa em adorável manhã.
Com alguém partilharás o amor,
Fonte de vida.
Faz-te ao largo da terra e da margem,
Não vês que o sol
brilha na fresca aragem?
Diz sim à vida oferecida em presente.
Teu é o momento.
J. Rocha Monteiro in “Manhãs abertas”

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