6. Meditação
Está levantado no alto da cruz, desnudado, esvaziado, abandonado. Só lhe resta a cruz. Está só. Diante dele, o escárnio, a burla, o riso. Converte-se num maldito. Converte-se em escândalo, porque a cruz é escândalo para quem sobe a ela. Deus tantas vezes nos tira as seguranças. É o caminho do esvaziamento, da desnudez, do silêncio, do nada, da noite, para que nos fiemos d’Ele. Este é o caminho do homem: fiar-se em Deus e esquecer-se de si mesmo. Este é o momento que faz com que o homem serene o seu corpo, acalme as tensões e nervos, para que entre em harmonia com todo o seu ser. Aqui está o despojamento do coração. Amar e não ser correspondido. Sentir-se na dor e encontrar-se só.
7.Oração
Meu Deus, três horas de trevas. Uma escuridão rasteira, a cheirar o húmus da terra. É a imagem dos olhos secos de tanto chorar, rios de amargura que semeiam agonias num tempo em que morreram os sonhos. “Dentro de pouco, a escuridão dará lugar à luz, a terra reconquistará as suas cores e o sol da Páscoa irromperá entre as nuvens em fuga” (Tonino Bello). Voltará o Emanuel, o Deus connosco. A sua beleza na cruz é o amor de Jesus Ressuscitado.
8. Contemplação
8.1 A noite do madeiro
Na cruz somos filhos no Filho. Na cruz recebemos a vida nova de Deus.
Jesus crucificado é o Sim de Deus ao homem:
“Hoje estarás comigo no Paraíso”,
o espaço de quem, morrendo, ainda tem tempo para a esperança.

Ter medo da cruz é ter medo do amor.
Quem quiser seguir Jesus tome a sua cruz.
Uma vocação decide-se e amadurece diante dum momento de cruz.
8.2 Poema
O Senhor dos passos
As crianças de Jerusalém foram ao encontro do Senhor
Com ramos de oliveira, clamando com alegria:
Hossana nas alturas. (Liturgia, Ant. 1)

Por entre vivas e gritos estridentes
Crianças inocentes O aclamam.
É um Rei é um herói omnipotente
A quem as gentes da rua hossanam.

Lançai-lhe flores declamai-lhe amores
Com verdes, rosas vermelhas, dai glória.
É o fim dos tempos para colher louvores.
Coroai-o com louros de vitória.

Meu Senhor dos Passos saíste em procissão,
Vi-te em pequenino ao encontro de Tua Mãe.
Ficou minha alma de criança magoada
Nunca mais te esqueci minha Mãe amada.

Passaram os anos voltei à procissão
Agora era eu esse menino que fazia o sermão,
Mas o encontro da Mãe com seu Filho
Deixou em minha alma a mesma sensação.

A Palavra não fica na esterilidade da letra
Mas é um acontecimento de salvação para o mundo”.
(D. João Marcos, Imagens da fé)

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