SEXTA-FEIRA
PALAVRA Mt 27, 45-51. 54
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra.E pelas das três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: Eli, Eli, lemá sabactháni?, que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias.»Um deles correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana, deu-lhe a beber.Mas os outros disseram: «Deixa lá; vejamos se Elias vem salvá-lo.»E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu e as rochas fenderam-se.(…)Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram aterrados e disseram: «Este era verdadeiramente Filho de Deus!»
As trevas que envolveram a terra desde o meio-dia até às três horas da tarde representam o juízo e a salvação de Deus que a partir da Cruz se estende sobre toda a humanidade. Jesus cita as Escrituras (Sl 22) gritando a sua dor de abandonado. Os presentes jogam com as palavras de Jesus, distorcendo-as, fazendo eco da crença na vinda de Elias no fim dos tempos. Os elementos descritivos do terramoto faziam parte das profecias tradicionais que anunciavam o dia do julgamento final. O véu do templo que se rasga ao meio significa que a morte de Jesus permite o acesso dos pagãos à presença de Deus, impedidos até então. Prova desta nova realidade é a confissão de fé do centurião romano.
MEDITAÇÃO
A Cruz é o abraço de Deus à humanidade. Não há amor sem Cruz. Na Cruz acolhemos o abraço da salvação. O amor de Deus é um amor crucificado em que se aprende ao vivo o preço da entrega apaixonada. A Cruz é mistério de obediência que num inclinar de cabeça tudo aceita e consuma. Ela é já ressurreição, sabor antecipado de libertação e vida nova. A dor e o silêncio da Cruz são um convite renovado a abraçar a cruz do seguimento do Senhor, na mesma atitude de obediência de amor e abandono confiante.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, adoro-Te no momento da Tua morte; contemplo-Te crucificado, como se contempla o rosto da pessoa amada que tudo oferece por amor. Peço-Te que o Teu amor desenraíze do meu coração toda a forma de egoísmo que me encerra perante os outros ou me coloca numa atitude de indiferença ou orgulho. Que a Tua Cruz transforme a minha existência num acto de amor vivido na dedicação sem cálculos, no serviço sem medida, na fraternidade generosa em dar-se até ao sacrifício. Dá-me, Senhor, um coração grande, capaz de amar ao Teu jeito.
ACÇÃO
Se não tiver possibilidade de participar na liturgia da Adoração da Cruz, vou tirar um tempo para meditar sobre a paixão e morte de Jesus; vou contemplar Jesus e o seu imenso amor que se manifesta na história da salvação e na história da minha vida.