Quando há um furúnculo no nariz

«Por que é que as pessoas são tão más e egoístas? Por que é que existe tanto mal no mundo? Por toda a parte guerras, mortes, roubos… A natureza está numa situação de agonia. Os mares e os rios já não respiram. Os montes estão cheios de sacos de plástico sujos e mal cheirosos e, sobretudo isto, pesa a ameaça da destruição atómica.
Valerá a pena viver num mundo assim?».

O espelho chora

Não é raro escutar um adolescente a chorar sobre o mundo nestes tons catastróficos. Às vezes os adultos congratulam-se: «Que sensatos estes jovens! Como raciocinam bem!».
Com um pouco mais de perspicácia podemos constatar que o adolescente, com frases pedidas de empréstimo aos discursos da moda, não está a lamentar-se do mundo mas de si próprio. Motivo? Um furúnculo no nariz, os cabelos intratáveis, pernas impróprias para um manequim, baixa estatura, algum quilo a mais…
Em poucas palavras: é o próprio corpo que não agrada.
Os interessados não têm dificuldades em mani­festar a sua tristeza por uma má nota de matemática. Mas, por algum inconsciente resto de educação errada (só a alma conta!), dificilmente admitirão que vêem tudo negro porque se sentem feios.
É preciso desmontar esta hipocrisia! Muitas vezes nos é repetido: «Ama o próximo como a ti mesmo». Como se faz para amar o próximo, se não nos amamos a nós próprios?
É verdade, não somos apenas corpo. Mas, de manhã, diante do espelho, contempla o teu corpo. E se dizes: «Que desastre!», todo o teu dia corre o risco de ser desastroso.
Esta exigência de nos sentirmos «agradáveis» é particularmente urgente hoje, quando o consumismo e os mass-média nos empurram para o mundo dos «belos, jovens, ricos».
«Meu Deus! Que tempos!». Não choremos muito, porque nunca como nos nossos dias tantos homens e mulheres puderam participar no banquete da beleza, e isto é um estupendo progresso para quem acredita no Deus de Jesus, criador da beleza.

Abaixo os feios

Existe uma visão conformista da beleza, baseada nas medidas, no divismo, nos músculos, nos modelos estandardizados…, fonte de angústia para a grande maioria das pessoas e sobretudo dos adolescentes.
Este tipo de beleza deve ser visto com humor e ironia. Deve interessar-nos seriamente a beleza como um dom dado a cada pessoa para que o faça res­plandecer, o acrescente, o valorize.

A beleza conquista-se

A beleza conquista-se. Não tentando alcançar ideais impossíveis, mas valorizando o que se é e o que se tem.
Quem disse que é bela a rapariga com 1m80 de altura e feia a que tem 1m60? Será feia a de 1m60 que quer imitar a alta, e vice-versa. Quem disse que é belo o rapaz loiro com olhos azuis, e feio o vermelho com olhos verdes? Será feio o vermelho com olhos verdes que quer imitar o loiro. Escuto os lamentos de adolescentes aflitíssimos: «Falas bem, mas se um nasceu feio, feio permanece».
Não concordo! Estou disposto a dar-vos razão, apenas depois de vos terdes empenhado em praticar todos os dias a seguinte «receita»:

  • Higiene. Não penseis em cremes sofistica­dos ou em cuidados especiais. Não, não! Água, sabão, dentífrico, duche, cabelos limpos… Não ponhais confiança em receitas de beleza que custam muito.
  • Movimento e desporto. Caminhar, jogar e viver ao ar livre dá mais resultados que qualquer ginástica americana. E não custa nada!
  • Procura  do  belo. É preciso afinar o gosto, procurar o belo em qualquer parte. Toda a vulgaridade é inimiga da beleza, precisamente porque a beleza nasce dentro.
  • Autocontrolo. Conheço raparigas que aumentaram cinco quilos com a ginástica aeróbica! Não acreditais? Ao saírem do ginásio, comiam chocolate…

Um outro espelho

Existe, além disso, um «outro» espelho, que é a verdade acerca do próprio corpo. O que é este corpo? Uma coisa que serve apenas para exibir as roupas da última moda? Uma ratoeira para apanhar os outros? Uma montra para se fazer admirar? Uma máquina para criar sensações?
Amanhã olhai para o espelho e pensai: «O meu corpo é criatura de Deus, templo do Espírito, destinado a ressuscitar». Sentir-vos-eis belíssimos e disponíveis para sofrer um pouco, a fim de vos tornardes belos.

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