Das tuas cinzas
Vislumbra-se um novo rumo.
Largar o passado, a solidão…
Oh Amor Ilusão!
É preciso mudar de vida.
É preciso RENASCER…
Para renascer é preciso morrer. Morrer é acabar com tudo aquilo que impede de avançar. Mudar de vida. Num jeito autobiográfico surge este dicionário de uma nova língua, com caracteres que só eu sei o seu significado. Esconder? Não. Embora o jogo do esconde-esconde fosse um dos que mais brincava em criança, por altura do verão, nas ruas quentes de Mirandela, não, não se trata de esconder. Sempre me atrapalhei com as palavras, tanto na escrita como na fala. Prefiro as imagens, elas contam mais, dizem mais. Os símbolos que crio surgem dessa paixão pelo visual e pelo plástico. É-me mais fácil comunicar por imagens.
Estes símbolos nascem da repetição exaustiva de uma imagem, encaminhando-a para um processo de simplificação até o desenho original deixar de ser reconhecido. O primeiro símbolo soniano aconteceu em 2003, onde a minha pintura era pensada como uma rede de linhas que desenhavam cenas encadeadas e entrelaçadas. O primeiro a soltar-se deste emaranhado foi o enforcado, esse símbolo que encabeça o dicionário soniano, que conta com mais de cem símbolos. Mais confortáveis na tela do que na folha de um caderno, vivem na cor e na mancha, com as linhas e pontos, contando a mesma história.
Nas histórias que ouvimos há sempre uma tragédia ou um acontecimento que faz a personagem principal parar e mudar e é na tentativa de aceitar esse desafio que se escrevem as páginas seguintes. Também para este renascer foram precisas as cinzas.
É preciso RENASCER…
É preciso mudar de vida.
Oh Amor Ilusão!
Largar o passado, a solidão…
Vislumbra-se um novo rumo.
Das tuas cinzas