Okay! Se vos tivéssemos falado até aqui de feijões, de baleias ou de bicicletas de corrida, agora podíeis fechar o livro e ir embora com toda a tranquilidade. Adeus, e tudo bem… Amigos como sempre!
Pelo contrário, falámos de vós e não podemos deixar-vos assim.
Esta maravilhosa idade ingrata corre depressa, mesmo sem pensarmos muito. E corremos o perigo de subir para o comboio do «todos fazem assim»… e o assunto está arrumado. Três anos a imitar os outros.
Mas a pré-adolescência, pelo contrário, pode e deve ser vivida como uma fascinante aventura.
Como fazer? Não existe uma receita, pois o fenómeno do crescimento é um pouco mais complexo que uma dor de barriga.
Algumas indicações, porém, poderão ajudar-te.
Lê atentamente o que vem em seguida…
O corpo
É o que sentes mais, que vês, que tocas. Mas o que é o corpo? Procura ter uma ideia exacta.Alguns dizem que é um cabide para mostrar lindas peças de roupa.
Há sempre quem julga que a cabeça serve para exibir bonitos chapéus! Outros afirmam que o corpo não passa de uma máquina para experimentar emoções: o calor da praia, o frio na neve, o sabor na pastelaria, a emoção no cinema… Outros, porém, dizem que o corpo é um dom de Deus. Se é assim, é preciso tratá-lo cuidadosamente, cultivá-lo, melhorá-lo.
A higiene, o movimento, frequentar lugares sãos, a atenção e a moderação nos alimentos, a paixão por tudo o que é belo… são escolhas que deves ser tu a fazer. Não é fácil, pois é preciso avançar contra a corrente, mas ganharás em saúde e beleza.
O sexo
É o que te desperta mais curiosidade. Mas o que é o sexo? Sabes que aquelas revistas expostas no quiosque ou que viste passar às escondidas pelas mãos dos teus amigos, são feitas por velhos que já não têm ideais e para rapazes da tua idade a quem querem impedir que os tenham?
Há quem diz que o sexo é como uma lata de Coca-cola: Depois de a abrires, bebes, sentes o prazer que ela dá e, em seguida, é atirada para fora.
Um erro! Ser rapaz ou rapariga dá à personalidade humana a maravilhosa possibilidade de tornar visível a imagem de Deus.
O par ou o casal é a imagem mais completa de Deus que nos foi dada a conhecer.
Procura ter sempre uma imagem nobre do sexo.
És «tu» que tem um sexo e, para que a sexualidade seja satisfatória, «tu» deves ser satisfatório.
Um pré-adolescente actualmente tem muita liberdade: sai de casa e vai para a escola; sai à tarde e vai fazer os deveres; vai para o grupo; vai passear. Onde vai ele realmente? O que compra? Que lê? Que escuta? Até a «mãe» mais atenta não pode julgar que tem o seu filho sob controlo.
É importante que o rapaz e a rapariga aprendam quanto antes a fazer por si as opções certas, utilizando correctamente a sua liberdade. Esta recomendação vale também para as escolhas respeitantes ao sexo. És tu que deves cuidar de ti próprio. Não é fácil! Podes seguir este critério: o sexo é uma componente da pessoa, não «toda» a pessoa. É excluído, portanto, tudo o que reduz a pessoa unicamente a uma máquina sexual.
Um jornal ou revista fala apenas de sexo? Não lhe pegues. Um filme é só sexo? Não vás vê-lo. Uma canção reduz o amor apenas ao sexo? Não a escutes. Um programa de televisão baseia-se só no sexo? Muda de canal… Um colega fala, pensa, brinca sempre de sexo? Passa ao largo.
A cabeça
Já reparaste que se alguém grita de repente: «Atenção!», todos protegem instintivamente a cabeça com as mãos? O instinto ensina-nos que a cabeça é o que temos de mais precioso.
É preciso gostar da nossa cabeça, tê-la sempre a funcionar, fornecer-lhe combustível, lubrificar a engrenagem, fazer-lhe uma revisão de vez em quando. Já dissemos que na tua idade o cérebro acelera a marcha: deves procurar seguir o seu ritmo normal. Não faças como quem carrega no acelerador com um pé e no travão com o outro; estragarias tudo.
Qual o remédio para a cabeça? Tens um à mão: a escola. Empenha-te na escola.
Mesmo que as disciplinas sejam aborrecidas, mesmo que os professores sejam pouco simpáticos, mesmo que… Dá muita importância à escola.
Sei que tens algumas dúvidas, mas façamos uma pequena experiência.
Pega no mapa-mundo e procura os países onde existe miséria, injustiça, fome, subdesenvolvimento, violência…
São tudo países onde as crianças não vão à escola. Depois… põe a cabeça a funcionar!» Pensa, pergunta, duvida, procura uma explicação melhor, insiste em desejar perceber, reflecte…
Não sejas um daqueles que vão atrás dos outros; que se rende ao «Todos fazem assim»; que se contenta com o «Disse-o a televisão!»
Os pais
Ai! Não queres ouvir esta música porque te soa mal. Precisamente há cinco minutos querias sair com os teus amigos e eles proibiram-te. Bateste com a porta e fechaste-te no quarto.
Acalma-te um bocadinho e reflecte um pouco: tens verdadeiramente a certeza de que os teus pais te impediram de sair porque não gostam de ti, ou porque te consideram ainda uma criança, ou porque não te compreendem? Não penses tal!
Queres que eles tenham mais consideração contigo? Muito justo. É um direito teu e uma exigência tua. Mas o que queres fazer? Continuar a bater portas e a bater o pé? Não serve.
Existe um meio mais eficaz: começa a comportar-te como grande: esforça-te por fazer não aquilo de que «gostas», que te satisfaz por momentos, mas não te é útil.
A criança escolhe o papel colorido, e não o papel de uma nota de cinco euros!
Mostra aos teus pais que estás em condições de não escolher aquilo que brilha. Mesmo sem dizeres nada, eles perceberão que já não és uma criança.
Está atento também ao seguinte: a criança pequena apenas recebe; tu, em família, deves começar a dar.
Os amigos
Tudo o contrário do ponto anterior: a respeito dos amigos, da amizade, jamais te cansarás de falar. E, pelo contrário, despachámo-los em poucas palavras.
Não te feches à chave na «gaiola» da amiga íntima ou do melhor amigo.
Não te limites apenas aos «simpáticos»: todos têm algo para te dar e, muitas vezes, o antipático à primeira vista é o «melhor» à «terceira volta».
Escolhe um grupo onde todos se possam expressar; onde não exista um «chefe» que é o único a ter a palavra; onde todos sejam respeitados;
onde se possa discutir não apenas de desporto, de moda, de cantores, mas também de problemas da tua idade.
Escolhe amigos que tenham muitos interesses: desporto, música, computadores, fósseis, borboletas… Evita, pelo contrário, aqueles que passam o tempo a dizer que se aborrecem e que não sabem que fazer.
Um grupo de amigos funciona quando ajuda todos os componentes a pensar com a própria cabeça, não quando obriga a todos a pensar e a agir da mesma maneira.
Recorda-te: «mãe» há só uma… e às vezes é também muito possessiva. Mas não aceites nunca outras.
O tu-tum tu-tum
E se o coração começa a fazer «tu-tum tu-tum» quando vês aquele rapaz ou aquela rapariga? Está atento a não começar a brincar aos namorados. Estás simplesmente a descobrir o encanto do outro sexo. E não te admires se te sentires atraído por um artista ou estrela do cinema, da canção ou do desporto.
Vive este momento da descoberta do outro sexo com serenidade e transparência e não faças, não digas, não penses nunca da rapariga ou do rapaz aquilo que não querias que a rapariga ou o rapaz fizessem, pensassem ou dissessem de ti.
Os pósteres
Imagino que as paredes do teu quarto não estão sem nada. Nem pensar! Estão cobertas de pósteres de cantores, de campeões, de actores. Tu, de vez em quando, pões-te diante deles, fechas os olhos e sonhas. Fazes bem: sonhar faz bem à saúde!Mas, atenção, abre por momentos os olhos porque te quero dizer uma coisa importante.
Já imaginaste o esforço que fez esta boa gente para chegar às paredes do teu quarto?
Certamente que sim! O sucesso não bate à porta dos preguiçosos, dos pessimistas, dos moles.
Portanto, depois de teres sonhado um pouco, arregaça as mangas e mãos à obra.
Mesmo que não acabes nas paredes dos pré-adolescentes, poderás mesmo assim fazer para ti um belo póster e, contemplando-o, exclamar:
«Sou OK».