O amor faz passar, em milésimos de segundo, da louca felicidade (ela apareceu ao encontro!) ao mais profundo desespero (disse-me que nunca mais me queria ver!).
Por amor, é-se capaz de ficar dias inteiros colados a uma fotografia da outra pessoa «especial», à espera que, magicamente, ganhe vida e comece a falar connosco.
Por amor estamos dispostos a não ver no outro aquilo que está mal. Estamos dispostos a fazer sacrifícios, mesmo comprometedores.
Em suma, o amor quer que nos ponhamos em jogos para um desafio nem sempre assim tão fácil.
Mas nem sempre as coisas correm na direcção certa.
RAPARIGAS E LÁGRIMAS
E típico de vós, raparigas. O amor bate à porta e não se dá a conhecer. Traveste-se de tristeza e pinta os vossos dias de cinzento. Sentis que vos falta alguma coisa (ou alguém?!) e não compreendeis nada. Basta-vos ouvir uma canção romântica para aparecer uma lagrimazita! Basta-
vos pensar no rapaz da outra turma para vos sentirdes corar e não saberdes para onde olhar.
Gostaríeis de ir, fazer, decidir, mas ficais fechadas no vosso quarto. Estais rodeadas de pósteres dos mais belos cantores da terra e dais convosco a desenhar coraçõezinhos nos cadernos, a pensar que, entretanto, ele (o rapaz da outra turma) nunca olha para vós e preferirá sempre a vossa amiga bonita e simpática.
E, assim, cansadas dos cantores longínquos, dos rapazes com quem conviveis e da vossa tristeza, exclamais: «Mas por que tenho de sofrer
tanto por amor?».
RAPAZES E RAIVA
É tipico de vós, rapazes. Ficais frios e impassíveis para não deixardes transparecer os vossos sentimentos. Nem verteis uma lágrima, quando a vossa companheira de turma sai com outro.
Em compensação, fechais-vos no silêncio mais profundo e ai de quem vos dirija a palavra! Quem tentar adivinhar de que humor sois, encontrará certamente muita cólera. Porquê a Cólera? Para mascarar um ânimo sensível que recebeu um duro golpe. Ser «rapaz» impede-vos de mostrar a todos a vossa tristeza. E, então, armais-vos em descarados e fanfarrões.
Quando tudo corre bem, o amor transforma-vos nas pessoas mais delicadas que existem; mas, se algo não vai bem, torna-se uma arma com que defendeis o coração dos trambolhões.
O AMOR PERDIDO
Também acontece. Com muitíssima frequência e espontaneamente. A pessoa pela qual vos deixastes apaixonar fulminantemente decide cortar com tudo. Para ela, já não existis. Ou quase. O amor, feito de milhões de coraçõezinhos vermelhos, com que tínheis revestido os vossos dias, começa a derreter-se como um gelado na praia. De nada servem as tentativas para remendar uma história que prometia ser boa.
De nada servem as cenas de ciúme e de raiva nem os comportamentos agressivos. E, muito menos, o ramo gigantesco de flores nem a cassete com a declaração gravada da vossa súplica nem a intervenção de um amigo fiel conseguem mudar as ideias da «outra parte».
Tudo o que havia de positivo vai-se extinguindo pouco a pouco. As recordações esfumam-se.
O amor vai dando lugar à tristeza, à desilusão e ao desencorajamento. E, uma vez mais, fazeis a mesma pergunta: «Vivi a mais bela história de amor. Por que tenho, agora, de sofrer?».
A DANÇA DA VIDA
A natureza torna-se mestra ao ensinar-nos que…, depois da noite mais escura, vem o dia mais claro e que… a sombra realça a luz e ainda que…, depois do Inverno, chega sempre a Primavera! Depois, a vida, com a sua alternância de dias-sim e de dias-não, ensina-nos que, muitas vezes, a alegria e a tristeza andam de mãos dadas; e que o amor e a dor caminham juntos. Não gastemos tempo com a tristeza, porque, de repente, a vida oferece-nos um motivo para nos alegrarmos. É uma lei da natureza que todas as coisas belas e grandes requerem trabalho e sofrimento. Mas é como a dor de uma mãe que dá à luz uma criatura e que se esquece das dores do parto, quando a criança já nasceu. Valiam
bem a pena!
Apesar de tudo, talvez tenha razão aquele grupo quando canta: «Pode gostar-se de morrer, mas morrer de amor, não!». Porque do amor só pode nascer vida.