Somos sinceros um para o outro?

«Serás sincera, diz-me, diz-me», assim cantava, há anos, um cançonetista. E outro servia-lhe de eco: «Sinceridade, a palavra que gostava de ouvir de ti». Parece que todos são mais capazes de duvidar do que de acreditar na sinceridade do amado ou da amada. Dúvida de Hamlet: é ou não é sincera? Mas será um traidor? E tudo menos confiança! E vós também sabeis alguma coisa disto… Sobretudo quando o vosso rapaz diz: «Nunca mais te mentirei» ou a vossa rapariga confia: «A nossa relação será sempre aberta».Como confiar? Como, direis vós, não nos sentirmos enganados?
Perguntas muito importantes que, por vezes, põem a cabeça à roda, até aos casais mais «sólidos» e experimentados.
Confia ao amigo todos os teus pensamentos…Acredita na sua fidelidade,que o tornarás fiel.
O coração empurra: : «Vá! Acredita nele/a porque gostas muito dele/a», mas a cabeça trava: «Confia, sim; não totalmente, porém».Como sair disto sem, todavia, estragar tudo? Com alguma precaução e muito desejo de formar um casal realmente confiante. Vejamos a seguir.

UM PREÇO MUITO AMARGO!

Algum amigo vosso, talvez mais velho, ter-vos-á dito que a sinceridade é um preço muito amargo que o casal tem de pagar. Porque ser-se sincero custa muito, porque ser-se sincero, por vezes, cria problemas quando se descobrem os lados «escuros» do outro ou da outra. A sinceridade exige coragem, mas também equilíbrio e paciência.
Um exemplo? É para já! O teu rapaz diz-te que é amigo de uma tua amiga e que gosta muito dela. Isto faz-te sofrer, dá-te um nervoso miudinho que provoca ataques de ciúme estratosféricos. Não consegues acreditar que seja somente amizade; pensas já no pior e não compreendes nada. Mas procura resistir, não facas cenas e esforca-te oor ver com clareza.
Passado algum tempo, por acaso, percebes que a sua relação é realmente uma simples amizade e que ele nunca pensou deixar-te nem trair-te!
Estás a ver? A sinceridade levou-nos a enfrentar uma situação difícil, trouxe-vos um pouco de sofrimento e de dores de barriga durante algumas semanas. Mas, por fim, também vos ajudou a crescer e fortalecer de maneira duradoura o vosso sentimento. Se ele não tivesse sido sincero, talvez tivesses descoberto por ti esta amizade e, possivelmente, terias entendido mal. Então, os problemas teriam sido ainda maiores.

PASSO E PASSO

É pena que a sinceridade não se compre no mercado nem se adquira aos quilos ou às postas. Constrói-se, passo a passo. A dois. Pensai na vossa história. Quando começastes a andar um com o outro, ainda não vos conhecíeis bem; nem, quando passeáveis, dizíeis um ao outro: «Sejamos uma só coisa, pensemos e façamos as mesmas coisas». Depois, pouco a pouco, foi aumentando o conhecimento mútuo. Fostes dando pequenos passos. E também a sinceridade foi caminhando convosco. As confidências tornaram-se segredos profundíssimos.
E, agora, a pessoa que tendes ao vosso lado já é, verdadeiramente, parte de vós. E ser sincero já faz parte da normalidade. E – espero estejais de acordo – não é assim tão difícil dizerdes ao outro: «Tenho de confessar-te uma coisa».

PERNAS CURTAS

Mas cuidado! Realmente custa ser sincero, e uma mentirita inocente e inócua é tão simples, tão imediata… Pois, mas também muito perigosa! As soluções fáceis proporcionadas pelas mentiras não conseguem aguentar-se se muito tempo, porque – lá diz o ditado – a mentira tem pernas curtas, pois é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo.
Ademais, a mentira inócua não demora muito a tornar-se uma desculpa que se transforma num hábito: «Não lho digo para não fazê-la sofrer», «Não lhe digo porque não é importante».
Quem começa a viver de mentiras corre um grave risco que não vale a pena: o de perder a confiança da outra pessoa porquenunca mais acreditará. Se começares a mentir por coisas pequenas, que certeza terá o outro de que não mentirás em questões importantes?
Um pequeno esforço para se ser sincero é o que de mais construtivo existe; e de ambas as partes. Deste modo, o casal crescerá em harmonia e aprenderá a enfrentar os problemas «de peito aberto» e não a escondê-los.

CONFIANÇA

Tendes medo de que o outro vos confie segredos demasiado grandes e que nem sequer saibais enfrentar? Não vos preocupeis.
O sentimento que vos liga tem a capacidade de ajudar-vos a serdes compreensivos e vai-vos dilatando cada vez mais o coração. E, depois, se a pessoa que amais vos contar uma parte de si mesma, fá-lo-á por estar convencida de que a vossa escuta e o vosso acolhimento lhe irão servir de ajuda. E o mesmo sucederá convosco: é verdade ou não que vos confiais totalmente às pessoas a quem mais amais? Sim, porque só a quem nos ama é que nos confiamos, sem defesas e com absoluta confiança.

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