Caminhava sobre a corda como pela estrada mais cómoda, saltava e dançava sobre ela, pendurando-se, ora com um, ora com outro, ora com ambos os pés ou também com uma ou com ambas as mãos.
Os domingos eram os dias preferidos para dar os seus espectáculos. Uma corda esticada, entre duas árvores, uma mesa, uma cadeira, um tapete para dar os saltos… e eis o espectáculo preparado.
O número de curiosos aumentava pouco a pouco e, quando, ansiosos, esperavam que começasse o divertimento, Joãozinho convidava-os a rezar o terço. Intermeava os seus jogos e divertimentos com cânticos sagrados — o nosso herói possuía uma linda voz — e, por vezes, subindo a uma cadeira, armava-se em pregador.
— Agora — dizia ele — ouvi a prática que fez hoje de manhã o pároco de Murialdo.
— Não vimos aqui para ouvir sermões — afirmava um.
— Não faltava mais nada — murmurava outro.
— Vamo-nos mas é embora — acrescentava um terceiro.
— Ide, ide embora, se quiserdes, mas ficai sabendo que, se voltardes quando eu estiver a fazer os jogos, correrei convosco e não poreis cá mais os pés.
Perante esta ameaça, serenavam-se os ânimos e, na expectativa do suspirado divertimento, lá ficavam a ouvir o pequeno pregador.