«A escola primária… Que belos tempos!», dizem os pais. «O meu filho (ou a minha filha) tinha alguns caprichos, algumas traquinices, mas era tão afectuoso, tão doce! Gostava de estar connosco, contava-nos tudo, pedia-nos conselhos por tudo e por nada… Agora tornou-se tão sisudo, tão estranho! Não se lhe pode dizer nada, porque responde torto».«Para o fazer ficar em casa é preciso atá-lo às pernas da mesa. De outro modo, com a desculpa que tem de fazer alguma coisa na escola, estaria
sempre fora com os amigos… que nem nos agradam muito. Não dá qualquer explicação! E se lhe dizemos para fazer «branco», ele faz «negro»; se lhe mandamos vestir uma camisola, sai em mangas da camisa; se lhe pedimos para vir connosco visitar a avó, começa a resmungar. Mas o que mais nos entristece é que não nos confia nada, não nos pergunta nada… E é nervoso: bate as portas, fecha-se na casa de banho…»
«Será da idade… Esperemos que passe depressa, porque não sabemos que fazer aos nossos filhos!»
Poderíamos continuar estes desabafos dos pais,
mas não precisas de ler aqui o que escutas todos os
dias, ao vivo, com os teus ouvidos.
Antes…
Tu próprio te dás conta que estás a mudar,emboranão saibas bem em quê. Antes os paisdiziam-te: «És a menina mais linda da cidade!» Tu acreditavas e, se alguém te dizia o contrário, pensavas: «Fala assim por inveja!»Antes, ficavas contente se a tua mãe te escolhia o vestido e te preparava o penteado. Antes, ficavas triste se os teus pais não te levavam consigo.
Antes, nem sequer te passava pela cabeça que aquilo que os teus pais te diziam não fosse justo e verdadeiro.
É claro que nem sempre o punhas em prática.
Quantos «caprichos» manhosos para conseguir
um presente!Quantas vezes não bateste os pés, sabendo que os teus pais acabariam por ceder! E se tinhas muitos amigos, escolhidos pela tua mãe de entre os filhos das suas amigas, sentias que os teus grandes amigos eram os pais.Sentias-te seguro, tranquilo pelo facto de seres «filho». Será que existiria alguém no mundo mais formidável que o pai, melhor e mais belo que a mãe?Estavas tão seguro do afecto dos teus pais que, por vezes, sem te dares conta, lhe impunhas exigências: «Quero aquele brinquedo; quero ver aquele programa; quero ir convosco; quero ir ao circo…».Se às vezes os teus pais te faziam cara feia e não cediam às tuas vontades, eras capaz de chorar, querendo recordar-lhes que eras o centro de tudo. E se tiveste a sorte de viver com avós, então guardas certamente muitas recordações.
O 12 traz novidades
Os primeiros meses da escola preparatória decorrem com entusiasmo por causa do novo ambiente.Tantos professores… alguns verdadeiramente «bestiais», cada um com as suas ideias e os seus métodos.Passou depressa a saudade da professora «que era tão boa». Perto do fim do quinto ano, as meninas começam a fazer-se notadas pelos colegas de turma. Estes dizem ou pensam: «São umas peneirentas!»As meninas não se preocupam muito com estas críticas. Pelo contrário, até parece que gostam.Às vezes nem se dignam responder, mas dão a entender o que pensam: «Vós, os rapazes, sois ainda umas crianças, não percebeis nada!» E procuram a companhia dos rapazes dos anos seguintes.Mas as mudanças mais vistosas notam-se geralmente no início do sexto ano, depois das férias: «Caramba! Aquela está realmente bonita!». «Vejam só para a beleza daquela!»Os rapazes, por seu lado, não mudam assim tanto, mas tornam-se mais barulhentos, mais irrequietos, sempre aos empurrões e à bulha. Quase que parece que perderam o comboio com respeito às suas colegas, sempre arrogantes para com eles e à procura dos rapazes mais velhos.
De facto, os rapazes sofrem um atraso de cerca de um ano e meio. Mas atraso em quê?Eis-nos chegados à questão: Atrasados com respeito
àquele complexo fenómeno chamado «Pré-adolescência», «Idade ingrata», «Idade do ciclo preparatório».
A propósito disto os peritos escreveram para os peritos livros muito grossos. O nosso livro não foi escrito para os peritos, mas para vós que estais a viver esta idade. É pois importante que estas páginas vos agradem e vos ajudem a perceber e, sobretudo, a viver melhor esta idade. Não faremos grandes discursos, mas apresentaremos breves «flash» que vos estimularão a ler o grande livro que sois vós e os vossos amigos.