Extremamente louco e incrivelmente sério

Feitios à parte, será possível definir claramente competências para os catequistas?

O Silvino Henriques estreia-se a escrever na página principal.

Isto de ser catequista – e da catequese em geral – tem muito que se lhe diga.

E como as fórmulas mágicas teimam em permanecer no Olimpo dos Catecismos … limito-me a desconstruir e comentar três competências (essenciais?) do catequista de ontem, de hoje e de amanhã.

É claro que cada catequista deve procurar a sua própria “voz”, de acordo com a realidade da sua comunidade e em permanente osmose com os valores do Evangelho. O importante, talvez, será poder pensar a identidade deste educador da fé dentro de uma lógica de permanente mudança.

Como agir perante esta realidade? Uhm, e que tal começar por…

Provocar a mudança. Uma catequese que não provoque mudança concreta na vida dos catequizandos está desalinhada da proposta de Cristo. E nesse sentido, o catequista é um agente de transformação. O pior que pode acontecer, é a catequese “passar ao lado” de uma criança ou de um adolescente.

Basta observar os nossos crismandos, ou as famílias daqueles que fazem a sua 1ªComunhão. A indiferença é a maior lepra da catequese.

E porque a fé é dom de Deus, mais do que exigir mudança a todo o custo, quer-se provocar (…não me canso deste verbo) uma faísca interior. Juntamente com a criação de condições para incendiar os corações.

Fornecer ferramentas. Ou ensinar a aprender: algo tão importante, tão simples, e tão esquecido.

Óbvio, há respostas que precisam de ser dadas. Há muita coisa a ser ensinada, certamente. Mas todo o processo catequético perde o seu vigor quando entrego os conhecimentos já tratados e regurgitados, quase literalmente!

Chamo à atenção para a necessidade de fornecer as ferramentas, porque o entusiasmo em descobrir por si as coisas, leva inevitavelmente ao prazer de “se sentir maior”, mais crescido. Diminui a taxa de esquecimento cerebral (porque fica gravado no coração! paradoxal, eu sei) e consegue, com um pouquinho de sorte, educar para uma atitude mais proactiva.

Se calhar, convém relembrar que isto da fé não se trata apenas de conhecimentos, e que a experiência de Deus é pessoal e intransmissível. O que não invalida o testemunho, ou a sua força. Contudo, até aqui existe uma ferramenta a fornecer aos nossos catequizandos, chama-se a prática do encontro…

Fazer caminho com (…) O catequista tem o privilégio de caminhar junto de outros de forma especial, de fazer parte integrante da caminhada de crescimento e amadurecimento da fé daqueles que lhe são confiados. E é cada vez mais urgente experimentar encontro com Deus, quer se esteja a falar de pequenotes de seis anos ou de graúdos (que acham ter resposta para tudo) de quinze anos (ai desculpe, quase dezasseis no próximo mês!).

Sejamos sinceros, não é tarefa fácil. Mas tem de ser apontado como competência básica de qualquer catequista. Por isso se insiste tanto nalgumas formações em procurar formar grupos mais pequenos, em relembrar a importância do acompanhamento pessoal.

Enfim, em impedir que se perca a identidade pessoal numa mistura amorfa a que – inocentemente – chamamos de grupo.

E será que tens realmente um grupo em mãos? Fica a pergunta.

O discernimento para estas e outras questões optimiza o teu trabalho em catequese. Porque não basta fazer por fazer, o desafio passa por ser extremamente louco pelo Reino de Deus e incrivelmente sério em concretizá-lo.

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