A
cadeirinha já não existia e muito menos o bebé. Mas o homem transportava o
carrinho com todo o cuidado e falava, com carinho, com alguém que só ele via
sobre aquela armação.
Isto
fez-me pensar na necessidade que todos temos de amar e de ser amados, de cuidar
de alguém e que alguém cuide de nós, de falar e ser escutado.
Ao
olhar para aquele homem, alguns afirmariam que se tratava de um louco. No
entanto, para mim, louco é quem desiste de caminhar, quem se fecha em si mesmo
e perde a vontade de comunicar.
Nestas
férias, numa praça bem perto de ti, poderás encontrar alguém que aparentemente
está a falar sozinho. Se parares um pouco e escutares bem, perceberás que está
a falar contigo. Louco serás tu, se não lhe deres um sorriso, uma palavra de
aconchego.
Porto,
9 de Julho de 08
Graça
Borges