O canteiro sentia-se feliz, mas não completamente. Ao ver passar o rei num cortejo, pensou: “Ele é mais poderoso que eu. Gostaria de estar no seu lugar”.
A voz misteriosa fez-se ouvir de novo e, por magia, o rico tornou-se rei. Era feliz, mas ainda não completamente.
Um dia de Verão, ao ver o sol a brilhar no céu e a iluminar o mundo, pensou: “O sol é mais forte que eu. Quero ser o sol”.
A voz misteriosa fez-se ouvir de novo e, por magia, o rei tornou-se o sol. Luminoso, grande, fortíssimo.
Pouco tempo depois, viu que as nuvens não o deixavam ver a paisagem. Eram móveis e leves. Ficou com inveja. Ouviu de novo a voz misteriosa a dizer-lhe que seria o que ele quisesse. Bastava o seu desejo. E imediatamente o sol tornou-se numa nuvem. Era um prazer estar suspensa nos ares, móvel e vaporosa. Mas a nuvem teve de condensar-se em gotas de água, que caíram em forma de chuva sobre uma rocha de granito. A rocha era dura e sólida. E, pelo contrário, as gotas de água eram frágeis e escorreram até serem absorvidas pela terra e desaparecerem para sempre. A nuvem de água pensou: “Como desejaria ser rocha!” Imediatamente, por magia, tornou-se rocha. Finalmente, tinha encontrado estabilidade.
Um dia, chegou um canteiro. Pegou no cinzel e no martelo e começou a cortar ora aqui ora além, para esculpir uma estátua. Sentiu-se muito mal pois o canteiro era mais forte que ele. Pensou: “Em vez de ser rocha, gostaria de ser um canteiro.” E por magia, voltou a ser de novo canteiro, como era no princípio. Mas desta vez era feliz. Talhar as pedras era para ele uma arte, o som do martelo era uma música. Nessa noite, em sonhos, viu uma grande e bela catedral feita com pedras que tinha ajudado a preparar.
A missão do crente: Respeitar a dignidade do trabalho humano.