Alguns dizem que esta relação fé-vida vai muito mal. E não é preciso ser nenhum CSI, especialista forense, para encontrar provas disso!
Quando confrontados com os factos, a desculpa é sempre a mesma: os catecismos não contêm propostas para uma boa experiência humana. Crítica esta que até pode ter algum fundamento, ainda assim observo que, na maioria dos casos, os catequistas (até eu…) optam por uma posição extremista, ou dramatizam ou desvalorizam por completo a situação.
Evitando falsos moralismos, aqui estão algumas problemáticas a ter em conta 🙂
Relação unilateral. O caso às vezes é grave. Quando os catequistas pensam (e agem) como se fossem os catequizandos a terem que se adaptar num “estalar de dedos” ao Evangelho, à sua linguagem e à sua exigência. Atitude usualmente acompanhada pela incapacidade ou preguiça de fazer sentido da Palavra para os outros… e para si próprio.
Falsa fidelidade. Apresentam um Jesus de Nazaré distante, que sem se aproximar das pessoas formula directrizes para tudo; mas que paradoxalmente continua impotente perante as situações e problemas de hoje. Como tentativa de proteger uma suposta “autenticidade às escrituras”, também eu às vezes me escondo atrás de complexidades inantigíveis, sendo assim responsável por esconder e abafar a beleza da pedagogia de Deus.
Sem tempo para pensar. Ser bom catequista não passa necessariamente por fazer mil e uma coisas. Com tantos pormenores para organizar numa catequese: o cartaz com a imagem bonita, os papéis com os cânticos, a cartolina colorida com brilhantes e os lápis de cor da giotto, sobra pouco tempo para sentar com eles e falar. Apenas isso… falar por falar, brincar por brincar, enfim… estar com eles… E assim conhece-los melhor, dar tempo às relações humanas.
Soluções práticas. Até as melhores sugestões de terapia conjugal só surtem efeito com o compromisso e a acção do casal. Aqui é algo semelhante. O catequista não pode estar à espera que as coisas se resolvam sozinhas… que os catecismos tragam inúmeras propostas de experiência humana, que os pais sejam mais interessados, que os meninos e adolescentes se portem bem e encontrem por si próprios algo de concreto em textos escritos há cerca de dois mil anos.
Por experiência própria, uma solução prática para diminuir os efeitos deste “divórcio” passa necessariamente por fazer um esforço de ir ao encontro e conhecer cada catequizando. Não como quem preenche uma ficha de dados, mas como quem quer ajudar a preencher as suas vidas com o significado da fé.