«Na minha turma, este ano, existe um rapaz, diremos, estranho. É bom e gentil com todos, mas tem modos um pouco femininos. Imagine o que acontece! Os sorrisos e o piscar dos olhos das raparigas; os gozos por vezes cruéis dos rapazes.
Será que existem homossexuais? Como nos devemos comportar com eles? É verdade que a Igreja os condena?».
O maravilhoso mecanismo
Quando a vida se desenvolve no seio materno, nos primeiros dias somos todos femininos. Mas, passadas algumas semanas, começam as diferenciações sexuais. Neste complicadíssimo e maravilhoso processo, por causas ainda não perfeitamente conhecidas, por vezes alguma coisa encrava, e a natureza confunde as coisas. E temos, por isso, pessoas com os órgãos sexuais não perfeitamente diferenciados ou com uma produção de hormonas masculinas e femininas não equilibrada. Estes casos de homossexualidade «orgânica» não são numerosos e espera-se que a cirurgia e a medicina possam, pouco a pouco, resolvê-los.
Mais frequente, pelo contrário, é a homossexualidade de tipo «psicológico», que pode derivar de algo que não funciona bem nos primeiríssimos anos de vida, quando a criança absorve a realidade que o circunda sem a poder julgar e criticar.
Pode acontecer que, por motivos variados, um rapaz sinta a mãe como a pessoa importante, a que conta, enquanto que o pai lhe resulta insignificante e ausente. Neste caso, o rapaz, inconscientemente, rejeitaria o sexo masculino do seu corpo e identificar-se-ia com o sexo da sua mãe.
Aconteceria assim que pessoas fisicamente masculinas se tornariam psicologicamente femininas, e vice-versa. Para além das atitudes do corpo, estas pessoas assumem, do outro sexo, também o estímulo sexual. Deste modo, um rapaz sentir-se-á atraído por um outro rapaz, e uma rapariga por uma outra rapariga.
São estas, em poucas palavras, as causas do fenómeno. Mas neste campo a ciência tem ainda muito a esclarecer. Do que se conhece, é certa uma coisa: é preciso garantir a cada criança que nasce, as melhores condições físicas, afectivas, psicológicas, de modo que a natureza encontre sempre o justo equilíbrio.
A força dos mass-média
Em torno da homossexualidade existe hoje uma exagerada curiosidade devida ao tambor que, sobre o fenómeno, têm tocado os mass-média. Estes, enquanto por um lado prestam um bom serviço informando, porque tudo o que existe fica conhecido, por outro lado têm sido suficientemente desastrosos quando enfrentaram o argumento de modo picante, para deste modo elevar o índice das audiências.
Basta pensar em toda a série de filmes que põem em ridículo os homossexuais e reduzem todos os problemas à questão sexual.
Verifica-se assim uma cruel contradição: todos, dos écrans aos jornais, enchem a boca com discursos em favor destas pessoas e «lutam» pela liberdade sexual, mas poucos se preocupam em respeitá-los verdadeiramente nos ambientes de trabalho, nas ruas e, como no nosso caso, na escola.
O que diz a Igreja
Para além desta curiosidade morbosa, o problema de fundo é que toda a pessoa, qualquer que seja a idade, o sexo, o nível de cultura, o seu estado de saúde, deve ser amada, respeitada, tratada com cortesia e caridade.
Isto diz a Igreja a respeito dos homossexuais. E que poderia dizer ela de mais justo? Então, por que é que das tribunas se ouve dizer que a Igreja condena os homossexuais?
Vamos ao problema crucial: «o homossexual». Sente-se atraído para pessoas do mesmo sexo. Este instinto pode ser satisfeito ou não?
Quem considera que o sexo não é senão um instinto como o comer e o beber, responde evidentemente que sim. A fé cristã, pelo contrário, como já foi sublinhado, tem uma ideia muito elevada do sexo. O homem, a mulher, na sua diversidade, são «imagem de Deus». Nesta concepção, a união entre o homem e a mulher é um sinal do amor que Deus tem pelo homem, e a forma mais elevada de colaboração com a sua obra criadora.
E óbvio que a relação entre duas pessoas do mesmo sexo não pode realizar nada disto. Eis porque a Igreja pede ao homossexual, se aceita livremente a fé cristã, que renuncie ao acto sexual.
«Mas então que deve fazer um homossexual?» grita uma mentalidade que percebe apenas o que é instintivo, o que é prazer, o que leva a uma satisfação imediata.
Um homossexual que aceita a fé cristã deve fazer tudo o que todo o cristão é chamado a fazer: pôr os próprios instintos ao serviço de algo de mais elevado e mais nobre.
Quantos cristãos não sacrificam, cada dia, o instinto, violência, à vingança, à procura dos próprios interesses, ou a constituir família, para se dedicarem ao serviço dos pobres, da paz, dos marginalizados das comunidades. A fé cristã não pede a ninguém que renuncie simplesmente por renunciar, mas para dar algo de mais aos outros.
«E se um homossexual não consegue isso?».
Como cada cristão que não consegue amar um inimigo, dividir as suas riquezas com os pobres, perdoar as ofensas, dar a outra face, o homossexual confessará diante de Deus e a Igreja: «Tem piedade de mim, porque sou um pecador!» e, com a ajuda de Deus e dos irmãos, recomeçará de novo.
Quem terá razão? A Igreja que diz não, ou aqueles que dizem sim?
Cada qual, porque é livre, deve fazer a sua opção.
Mas, muita atenção, pois nem sempre a felicidade verdadeira e duradoira está nas coisas que satisfazem e agradam no imediato. Por vezes é o caso de inverter o provérbio e não ter medo de dizer: «É melhor a galinha amanhã que o ovo hoje».