«Frequento há quase dois meses o primeiro ano do Instituto Técnico Industrial. Comecei com grande entusiasmo, mas estou cada vez mais convencido que errei na escolha.
Não quero discutir com os meus pais para mudar de escola, mas não suporto a ideia de frequentar uma escola que não me agrada».
E continuam a chamar-lhe «escolhas»!
Sejamos sérios! É possível que um jovem de pouca idade possa tomar uma decisão tão importante, que influenciará os próximos anos e, inclusivamente, a sua vida futura?
Que capacidade de decisão tem um rapaz ou uma rapariga ainda na adolescência? Conhecem eles já as suas aptidões e capacidades?
«Mas há os testes que se fazem na escola!»
Está bem. Mas quantos jovens, julgados pouco capazes aos treze anos, não se revelaram completamente diferentes aos dezasseis!
Sejamos sérios! Como se faz para «avaliar» as capacidades de um adolescente? Seria como tentar meter a linha no buraco de uma agulha no momento em que há um grande terramoto.
«Mas há as visitas guiadas às escolas superiores! Há os colóquios para ajudar os jovens a escolher a escola mais adequada!»
Eu sei, eu sei! Faz-se uma visita a uma determinada escola, admiram-se os aparelhos e os laboratórios… E o jovem decide que aquela é a escola mais adequada para ele. Que grande escolha, meus jovens!
«E as conferências na aula magna? E os prospectos de propaganda que circulam pelas carteiras?».
Muitas vezes, tudo isso não passa de «simpáticas» iniciativas com o objectivo de recrutar «fauna» para a escola superior, para não se correr o risco de ter de diminuir o número de catedráticos.
De mal a pior
Enquanto se aguarda que a sociedade se decida a deixar crescer um pouco mais os alunos, antes de os obrigar a fazer a sua opção de escola, é preciso evitar o perigo de se ir de mal a pior. E o pior poderá ser, precisamente, mudar de escola com demasiada pressa.
Sei que não é agradável para um adolescente fazer algo de que não gosta, mas procurai seguir o raciocínio.
O ensino necessita de uma permanente reforma. Na verdade, no final dos anos 90, dois jovens de cada três dedicar-se-ão a actividades que ainda não existem! Por isso, a melhor solução é que cada aluno se preocupe, sobretudo, em cultivar a sua inteligência. No mercado do trabalho, não interessará saber muitas coisas, ter a cabeça cheia de muitas noções, mas sim ter uma inteligência que, percebendo o passado e o presente, sabe adaptar-se ao futuro sempre novo.
«Homo» sempre mais «sapiens»
Servirá cada vez mais o «cérebro» nos próximos anos, em detrimento do «homo faber».
E como cultivar a inteligência? Submetendo o cérebro a um esforço sério, contínuo, metódico. Este exercício pode ser feito em qualquer escola. São, sobretudo, as matérias antipáticas, complicadas, raras, as mais úteis. É preciso, pois, dedicar-se com todas as forças a «aprender a ler, a escrever e a contar». A língua e a matemática são vitaminas para o cérebro. Atenção! Nem sequer o técnico mais técnico pode ter êxito sem uma sólida e vasta cultura geral.
Condimentai tudo com o conhecimento do inglês e uma dose de informática, e estareis bem equipados para enfrentar a vida e o trabalho.
Mas, infelizmente, na actualidade não existe uma escolha capaz de fornecer tudo isto. «Então deixemos a escola!» Por favor! Seria um erro ainda maior.
O caminho correcto está em frequentar, com seriedade, a escola onde fostes parar e empenhar-vos, com um pouco de sacrifício, numa valorização pessoal para enriquecer a vossa personalidade, de forma inteligente e completa, também com aquilo que a escola hoje não vos oferece.