Trevo de três folhas
No domingo passado uma amiga abriu-me o seu castelo (físico e metafísico), para que eu pudesse entrar.
Recebeu-me tão bem, fez-me sentir uma verdadeira princesa!
Lá dentro, abeirei-me de uma janela e ao tocar numa cortina de linho, com renda feita por essa amiga, vi passar por um caminho estreito dois principies a cavalo, um branco e outro preto. Não abri a janela, nem lhes acenei, pois pareceu-me uma miragem.
Conversámos, comemos, rimos tanto! Depois deu-me a ler o seu tesouro de papel. E eu fiquei com as mãos trémulas de emoção por ter sido escolhida para o abrir.
Mas tive tempo também para dar um passeio sozinha pela quinta. Fui até junto do regato, que por falta de chuva, desligava lentamente sobre as rochas, talvez para sincronizar o seu ritmo com o meu.
No campo, debaixo das ramadas de Kiwis, havia muitas folhas secas espalhas na terra. Fui pisando-as, uma a uma, para sentir aquele prazer. Haverá prazer maior do que sentir algo tão estaladiço? Mas caminhei com muito cuidado para não pisar os pequenos carvalhos, pinheiros, sobreiros, que começavam a despontar.