O Pe. Vasco Pedrinho, actual responsável pelo DNPJ (= Departamento Nacional de Pastoral Juvenil) renunciou ao cargo de director do DNPJ. Enquanto se encontra uma alternativa (ou se adia a decisão), acho que faz sentido pensar o que se espera do DNPJ, neste contexto eclesial e social. Em vez de falar, aos cochichos nos bastidores, penso que pode ser mais maduro e eclesial pensar alto e publicar as ideias sobre algumas questões importantes para a pastoral de jovens em Portugal.
Peguei nas Bases para a Pastoral Juvenil (2002) e gostei de as reler. Se calhar há um qualquer documento jurídico-estatutário a dizer o que se quer do DNPJ e do seu responsável.
Bases 24
Mas convido-vos a ler o que dizem as Bases no nº 24.
24. No âmbito dos Serviços da CEP, o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil tem por missão fomentar, a nível nacional, o encontro das diversas instituições eclesiais de pastoral da juventude, assegurando entre elas a melhor articulação e coordenação; estudar formas adequadas de evangelizar e educar os jovens na fé; proporcionar itinerários de formação para os jovens e seus educadores; apoiar e colaborar com os serviços diocesanos e com os diferentes movimentos; promover a unidade entre eles, através de iniciativas comuns às dioceses e movimentos apostólicos juvenis; responder, no âmbito da pastoral juvenil, às solicitações de participação e representatividade nacional e internacional.
O Departamento Nacional tem um Director, padre ou leigo, nomeado pela CEP. No caso de o Director ser um leigo, a equipa terá um Assistente Nacional, também nomeado pela CEP.
Para a reflexão alargada dos problemas e projectos da Pastoral Juvenil é constituído um Conselho Nacional, que integrará representantes dos Serviços Diocesanos, Movimentos, Institutos e Associações Juvenis. O Conselho é um fórum privilegiado de debate, estudo, actualização dos anseios dos jovens, dos seus ambientes e das propostas pastorais mais adequadas para promover a comunhão de diversidades, o aprofundamento de conteúdos e acções concretas relativos aos jovens.
Eu leio esse número numa lógica de subsidiariedade. Isto é, não espero que seja o DNPJ a “salvar” magicamente, de cima para baixo, a pastoral juvenil em Portugal. A pastoral juvenil (e todas as outras) são primeiramente feitas cá na base. E as estruturas eclesiais de governo, coordenação e animação, seja a que nível for, aparecem numa lógica de subsidiariedade, isto é, para fazer o que não pode ser feito pela base.
O DNPJ tem por missão
- “fomentar, a nível nacional, o encontro das diversas instituições eclesiais de pastoral da juventude, assegurando entre elas a melhor articulação e coordenação…”
É uma das áreas onde se têm conseguido resultados interessantes e uma boa progressão. É importante continuar a ser ponte, a promover uma cultura de colaboração e diálogo.
- estudar formas adequadas de evangelizar e educar os jovens na fé;
Esta dimensão de estudo, de pensamento, de inovação e investigação é que tem estado mais apagada. Bem sei que é difícil numa igreja com poucos recursos como a nossa ter grande produção teórica mas precisamente por isso é que um serviço como o DNPJ pode ser importante ao promover o encontro dos estudiosos, ao estimular o pensamento, ao disseminar resultados e intuições inovadoras.
- proporcionar itinerários de formação para os jovens e seus educadores;
Não subscrevo muito este tipo de objectivos porque considero que não corresponderia à missão de um organismo da CEP (= Conferência Episcopal Portuguesa) o desenvolvimento de propostas concretas (isto aplica-se quer ao DNPJ com os tais itinerários quer ao SNEC (= Secretariado Nacional de Educação Cristã) e aos famigerados materiais catequéticos que não há maneira de verem a luz do dia). Mas a verdade é que o DNPJ conseguiu apadrinhar e divulgar dois itinerários: o “+ 10” e o “Projecto GPS”.
- apoiar e colaborar com os serviços diocesanos e com os diferentes movimentos;
Para esta tarefa é imprescindível uma disponibilidade e competência adequadas. É minha opinião que a maioria das estruturas diocesanas de pastoral juvenil são muito frágeis. Ter uma estrutura nacional competente e disponível seria útil para apoiar as dioceses com mais dificuldades a darem um salto de qualidade.
- promover a unidade entre eles [os serviços diocesanos e com os diferentes movimentos], através de iniciativas comuns às dioceses e movimentos apostólicos juvenis;
Esta é a agenda “clássica” do DNPJ: a organização e coordenação de iniciativas comuns. Num certo sentido parece-me das tarefas menos interessantes. Se calhar porque nos últimos anos temos sido “mal habituados” a uma qualidade mais que adequada. Tendemos a considerar eventos como o Fátima Jovem, o festival nacional ou a participação nas JMJ como “business as usual” porque têm funcionado razoavelmente bem.
- responder, no âmbito da pastoral juvenil, às solicitações de participação e representatividade nacional e internacional
Esta última tarefa responde às tarefas mais institucionais de representação.