quinta-feira

Palavra

Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei».

 

No meio de todo o esplendor, falta um: Tomé. A alegria dos outros em ver o Senhor era tanta que lhe comunicaram «Vimos o Senhor»: expressão de uma fé comunitária. Em S. João “ver” é “acreditar”. E já não é o “vi” de Maria Madalena, mas “vimos”: do pessoal ao comunitário. Mas Tomé não se deixa convencer. Coloca muitos “se”, muitas condições a Deus. Não aceita o testemunho dos amigos, não quer acreditar e quer ver pessoalmente o Ressuscitado, na sua realidade física, na maneira que ele decide. Exige uma prova pessoal e tangível. A sua dúvida até se tornou proverbial.    

 

Meditação

De certeza que não foi só Tomé a duvidar da Ressurreição do Senhor. A comunidade para a qual S. João escreveu era uma comunidade de pessoas que não viram o Senhor, e muitos nem conheceram os Apóstolos, daí a dificuldade de acreditar, as dúvidas e o querer ver e tocar. Tomé é, de algum modo, o símbolo da dificuldade que cada discípulo encontrou para chegar a acreditar na Ressurreição de Jesus. E nele encontramos cada um de nós. Ele é paradigma da falta de fé, da dúvida, da incredulidade e ambiguidade, da crise racionalista, da nossa procura de provas e experiências científicas para comprovar a existência do Ressuscitado. Por natureza fazemos resistência a acreditar. O Ressuscitado possui uma vida que escapa aos nossos sentidos, que não pode ser tocada nem vista senão pela fé. E porque nos custa tanto acreditar? A acreditar na alegria da Ressurreição que os outros nos comunicam? Porque colocamos tantas questões e formulamos tantos “se”? Talvez por medo do risco, da crítica, mas sobretudo por falta de amor.

  

Oração

 Senhor, perante o testemunho da comunidade

Coloco tantas razões, provas e seguranças humanas.

Por vezes, de facto, custa-me tanto acreditar.


E dou-me conta que em vez de entrar no mistério de amor

Preocupo-me mais em procurar razões e motivos para não acreditar.

Demasiados “se” que eu coloco na minha vida.

Abre-me, Senhor, aos outros:

À minha comunidade, que testemunha a Tua presença,

E assim fortalecerei a minha fé.


Acção

Para quem anda à procura de razões para acreditar, a única prova que é oferecida é o Evangelho. Convido a confrontar mais a vida com esta prova do que com tantas outras que vão surgindo e que instalam mais a confusão e a divisão do que a paz e a união.

 

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