SÁBADO

PALAVRA
Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano.
A espera parecia ter chegado ao fim. Mas intervém o vinhateiro e o tempo alonga-se um pouco mais. Pelo menos um ano. Limitado sim, mas a figueira, simbólica, tem mais uma oportunidade. Se não der fruto, então “o relógio do tempo chegou ao fim”: será cortada!
 
MEDITAÇÃO
A figueira no Evangelho de São Mateus (21,19) tem menos tempo do que esta: fica logo seca!. São Lucas, o evangelista da misericórdia, concede mais uma oportunidade. A misericórdia de Deus deixa-nos sempre uma esperança, mesma quando a nossa vida é só de aparências, com muitas folhas mas sem frutos. Deus como que quase nos faz sentir que tem necessidade da nossa livre colaboração para fazer com que a nossa vida não seja inútil mas produza frutos de boas obras. Deus não tem interesses em que sejamos figueiras estéreis, antes pelo contrário, a sua glória e a sua felicidade está “em que nós demos muitos frutos”.(Jo 15,16).
 
ORAÇÃO
Senhor, com que ternura e com que paciência tens esperado por mim, para que eu me converta e Te abra a porta! Hoje vou recordar o soneto de Lope de Vega onde me vejo bastante bem retratado. Rezo-o e medito a partir dele.
                        “Que possuo eu, pois minha amizade procuras?
            Que interesse tens, Jesus meu,
            que à minha porta, coberto de orvalho,
            passas as noites de Inverno escuras?
                        Oh! Quão foram as minhas entranhas duras,
                        pois não te abri! Que estranho desvario
                        se da minha ingratidão o gélido frio
                        secou as chagas dos pés nas plantas puras!
            Quantas vezes o anjo me dizia:
            “Alma, assoma-te agora à janela,
            verás com quanto amor chamar porfia!”
                        E quantas, bondade soberana e bela:
                        “Abrir-Lhe-emos amanhã” eu respondia,
                        para o mesmo responder no outro dia!
 
À semelhança do poema, Senhor, que eu não adie todos os dias a minha conversão, e não Te recuse abrir a porta, sempre com a desculpa e a promessa de o fazer no dia seguinte: “Amanhã! Amanhã! Amanhã”.
 
ACÇÃO
Hoje serei sinal de esperança para alguém que encontre já desiludido, recordando-lhe que Deus nos concede sempre mais uma oportunidade, mas que não a podemos perder quando ela surge. E esta Quaresma pode ser essa oportunidade de renovação interior e de salvação que ninguém pode perder.
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