É uma síntese, algo apressada, da intervenção que o Pe. Rui Alberto fez na Forma(c)ção 2008: E-vangelizar.
1. Como estamos?
Não me interessa aqui fazer um levantamento exaustivo nas 30000 situações pastorais que enfrentamos. Quero apenas identificar algumas atitudes face à missão.
1.1 Para arrumar ideias
Bem sei que é feio catalogar pessoas… mas para facilitar o diálogo, aqui vai uma catalogação pastoral.
Há um grupo a que podemos chamar os “parados”. Gente que protagoniza uma prática pastoral rotineira, falha de entusiasmo. Gente que perdeu o entusiasmo por tentar coisas novas, por levar a Boa Nova àqueles que ainda a não conhecem. São dominados por um sentimento de inutilidade dos esforços. Sentem que por muito que se faça tudo permanece na mesma, ou pior. Funcionam em regime de serviços mínimos para manter as estruturas pastorais a funcionar com uma aparência mínima de dignidade.
Há um outro grupo a que gosto de chamar “Em crise, mas…” São pessoas que sentem a crise e as dificuldades da acção pastoral. Sem ingenuidades, têm consciência das dificuldades e do esforço necessário para encontrar soluções de qualidade. Mas esta sensação de mal-estar (diante da incapacidade de fazer passar o Evangelho) torna-se estímulo a tentar coisas novas; torna-se liberdade à hora de abandonar esquemas e modelos que já não funcionam.
Há um terceiro grupo: os “A andar”. Têm habitualmente uma atitude de inovação, tentativa, experimentação e correcção das experiências. Estão muito atentos ao sentir da Igreja e à realidade dos homens e mulheres do nosso tempo.
Preocupam-me, acima de tudo, os dois primeiros grupos. O grupo “Em crise, mas…” é um grupo instável. Com facilidade a sua atitude se altera optando por um dos outros dois. Ou desistem ou constroem uma atitude pró-activa diante das dificuldades e mudanças.
1.2 Parados porquê?
O grupo dos “parados” tem dimensões variáveis conforme o contexto. Mas é sempre preocupante que irmãos e irmãs, que connosco moram nesta Igreja de Jesus, vivam tão pouco entusiasmados.
Porquê esta atitude? Chamam-me a atenção duas causas principais.
A primeira é a falta de alento. Por que se sentem cansados. Porque já tentaram várias coisas de forma infrutífera. Por que não querem mais conflitos… o entusiasmo esmoreceu, não querem ondas.
Talvez mais séria ainda seja a segunda causa: a falta de fé. Possivelmente uma certa percentagem dos “parados” perdeu a fé. Deixou de acreditar que Deus conta com eles para anunciar a sua Palavra. Deixou de acreditar que o Espírito do ressuscitado é mais forte que a cultura desumanizante que nos oprime. Deixou de acreditar que a Graça é mais potente e criativa que a nossa impreparação e incompetência. Deixou de acreditar que o Evangelho de Jesus Cristo é capaz ainda hoje de dar vida, sentido e esperança às novas gerações. Por tudo isso… não se ralam. Fazem o mínimo suficiente para que não haja escândalo nem serem acusados de derrotismo.