Podem também servir de estímulo ao diálogo a uns tantos interessados por estas coisas.
Sinto como meu o cansaço e desencanto de tantos catequistas, pais e catequizandos que andaram os últimos anos à espera de uns catecismos novos milagrosos que tivessem a decência de apoiar aqueles que hoje se querem tornar cristãos a sério.
É certo que apenas temos 60% dos novos catecismos cá fora e que pode ser imprudente “julgar” já o conjunto. Mas atendendo ao que já se viu, penso que é legítimo avaliar o todo do projecto. Porque claramente não há projecto, não há coerência interna, não são materiais na continuidade do documento dos bispos “Para que acreditem e tenham vida”.
1. Opções sólidas
Não me interessa repetir “verdades” incontestadas. Mas há algumas opções que me importa afirmar. Porque não são consensuais.
1.1. Por um paradigma de iniciação cristã
Uma delas é a necessidade de assumir o paradigma da iniciação cristã.
À pergunta “Como formar as novas gerações de cristãos” a Igreja tem respondido de formas diferente ao longo dos séculos.
1.1.1 Tantos paradigmas
Na Idade Média usou-se o paradigma “Socialização”. Devido à forte coesão da Europa rural, apostou-se na criação de um conjunto de mecanismos sociais que facilitassem a adopção de uma identidade crente. Os hábitos sociais, as regras, o papel normativo das elites, a estruturação do calendário, a prevalência do direito eclesial sobre o direito civil contribuiriam para criar a “sociedade cristã”. Bastaria estar nela mergulhado para dela assumir os critérios, as convicções, os valores, as práticas. Este modelo-socialização não se extinguiu com o fim de idade média.
A fragmentação das ideias (tornada possível pelo advento da imprensa escrita), o colapso da cristandade medieval, o alargamento dos horizontes culturais e sociais obrigaram a Igreja (quer católica, quer protestantes) a assumir um novo paradigma: o catecismo. Esta aposta na instrução religiosa ajudava a afirmar a identidade crente contra as ideias dos adversários. Originalmente o paradigma-catecismo servia como complemento a um sistema social e familiar que assegurava o básico da identidade crente. Com populações maioritariamente analfabetas tornou-se necessário um esforço extra e “especialistas” que dessem aos catequizandos as competências cognitivas que eles não poderiam adquirir de outra forma.
E, basicamente, este tem sido o paradigma dominante. Claro que os últimos 100 anos tiveram imensas novidades de tipo didáctico (como ensinar) mas a orientação prevalentemente cognitiva tem sido constante.