Realmente» o meio empregado por ele para ensinar os outros rapazes a não serem malcriados, não tinha dado resultado. Esforçar-se-ia, portanto, por conseguir tratá-los com boas maneiras e ganhá-los pelo coração.
Também a outra recomendação daquele Homem venerando:
— «Põe-te a fazer uma prática sobre a fealdade- do pecado e a beleza da virtude», não lhe deu menos que pensar.
Os meninos já devem ter reparado como, entre os colegas, na aula, no estudo, no trabalho ou na brincadeira, há sempre algum que sobressai, que se impõe, de quem todos gostam e que, com a maior naturalidade, a todos cativa, sem dar por isso.
O nosso Joãozinho foi um desses rapazes.
Naquele sonho misterioso viu como que a sua futura missão: ser apóstolo no meio dos seus companheiros. Ele contém em germe toda a sua futura existência: alegrias e tristezas, esperanças e angústias, êxitos e fracassos, realiza¬ções e obstáculos.
Pobrezinho, humilde, sem meios, como realizar programa tão vasto? Por que não havia de pôr objecções a voz de Deus, como já o tinham feito Moisés, Isaías, Jeremias, Maria de Nazaré e tantos outros? Contudo, se foi escolhido pelo Senhor, Ele não deixará de o ajudar. Lá diz o provérbio:
— Ajuda-te, que Deu te ajudará.
E Joãozinho pôs mãos à obra. Antes de tudo foi ter com a mãe, esse anjo tutelar que o Pai do Céu. na sua imensa bondade, colocou ao lado de cada criatura humana.
Confiou-lhe os seus projectos, obteve o consentimento e… pediu-lhe dinheiro para os realizar.
— Olha, filho, arranja-te conforme puderes; dinheiro é que não te posso dar, porque o não tenho.
O que lhe interessava era a aprovação da mãe. A falta de dinheiro não o amedrontava.
Que alegria! Poder atrair a si os companheiros, contar-lhes histórias, distraí-los com jogos e divertimentos e… por este meio, conseguir pôr em prática a segunda recomendação: ensinar-lhes a amar a virtude e a detestar o pecado!
Por ocasião de festas, os bailes, os saltimbancos!… Que linda ideia ele acarinhava, e que bom seria, se a pudesse realizar! Acompanhado pela mãe ou por pessoas amigas, começou a ir às feiras de Castelnuovo e doutras localidades próximas. Nelas havia sempre, e não podiam faltar, charlatães e saltimbancos… Historietas, saltos, jogos, acrobacias, prestidigitação eram divertimentos que encanta¬vam a gente simples daquelas terras.
Quem não gosta de ver coisas tão raras, algumas das quais chegam a parecer milagres? Também Joãozinho gos-tava, ria e aplaudia; mas o desejo era ver mais de perto, para descobrir o segredo de tantas maravilhas, aprender e depois imitar.
E quantas vezes, ao voltar para casa, radiante de alegria, ia logo experimentar… Aquelas árvores onde atava a corda, para depois andar por cima dela, viram-no muitas vezes estatelar-se no chão, mas nem por isso desistia; e, com vontade e esforço contínuo, conseguiu aprender uma série de jogos interessantíssimos, que enchiam de admiração os que a eles assistiam.