Vida familiar (1): Um dos eixos do amor familiar

Há pilares que suportam todo o edifício da família. Às vezes precisam de vistoria e de algum remendo. Nessas alturas, é bom parar para pensar sobre os pontos de referência do amor familiar. São essas pequenas coisas que transformam o “estar juntos” no prazer mais profundo da vida.

O primeiro pilar é que cada membro da família se ame a si mesmo. Pode parecer um contra-senso; mas é um elemento essencial da vida de cada um. O próprio Jesus identificou o amor a si mesmo como medida do amor ao próximo. Amar significa acreditar no próprio valor, estimar-se de modo positivo e sentir que a sua vida faz a diferença.

Uma lei básica na dinâmica do amor afirma que os outros nos vêm e nos tratam exactamente como nos vemos e tratamos a nós mesmos. Aquele que pensa que é um capacho, vai descobrir, com amargura, que os outros o usam para “sacudir os sapatos”. Amar-se é o melhor caminho para entender como se deve amar. Quem se respeita a si mesmo, provoca um comportamento de respeito e de estima nos outros.

 

Tudo começou com um “Sim, quero!”. A vida em casal é uma escolha: não é uma canção de amor, algo instintivo ou uma poesia. Significa que duas pessoas decidiram, de modo livre e maduro, unir-se física, mental e espiritualmente para criar uma nova realidade. Um “nós”, a partir de dois “eu” separados.

Formaram uma equipa que tem como objectivo percorrer a vida. Juntos. Como uma força única. Uma decisão tão importante deve renovar-se em cada dia. Sobretudo nos momentos difíceis. “Eu amo-te a ti; não aos teus bens, às tuas atenções, às tuas qualidades…”

 

O amor faz-se passo a passo. Uma família feliz é o resultado de uma evolução. Requer muita paciência, tempos longos, definição de responsabilidades e de papéis. Até para os detalhes mais insignificantes. Quem gere o dinheiro, quem leva o cão, quem faz a comida, quem conserta as coisas estragadas, quem conduz o carro, quem acompanha os filhos na escola, quem compra a comida? Não é muito romântico mas criar o amor familiar é um processo de harmonização de pessoas que têm o direito de ter ideias, desejos, necessidades e caracteres muito diferentes. Cada um deve “deixar espaço” aos outros na sua própria vida.

 

Em qualquer caso, a vida familiar é sempre uma magnífica ocasião de crescimento, uma “escola de vida” em que aprendemos a crescer e a melhorar. A vida familiar amplia horizontes e perspectivas, aumenta os recursos individuais, ajuda a superar problemas e dificuldades, torna-nos mais fortes, melhores, mais sábios e “mais verdadeiros”. É um programa intensivo, 24 horas por dia, de crescimento interpessoal, onde se aprende, vivendo-as, algumas das disciplinas mais importantes da vida.

 

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