A Bíblia, o Catecismo e os catecismos

Qual é a relação entre a catequese e as fontes da revelação?

O Deus de Jesus Cristo gosta de falar connosco. Desde sempre, Ele diz-nos coisas belas, desafiantes, verdadeiras, portadoras de alegria. Desde sempre, Ele põe-Se a Si mesmo nessa comunicação. Ele não Se resume a dizer palavras; Ele diz-Se a Si mesmo. A essa comunicação nós chamamos “Palavra de Deus”.

E é da Palavra de Deus que a catequese bebe o seu conteúdo. Na catequese não propomos “valores”, dicas de auto-ajuda ou conversa fiada para atrair e entreter os mais novos. Partilhamos a mensagem que Deus deixou à sua Igreja. A única Palavra que pode saciar o desejo de felicidade que há no nosso coração.

Bíblia e Tradição

Esta Palavra que Deus nos enviou pode ser encontrada na Sagrada Escritura (a Bíblia) e na Tradição. A Igreja acolhe a revelação de Deus reconhecendo que essa revelação está presente na Bíblia mas também através da Tradição viva, um conjunto de processos pelos quais a Igreja, ao longo dos tempos e dos lugares, vai percebendo os sinais que o Espírito de Deus lhe transmite. Catecismos Nos últimos séculos, a Igreja tentou dar forma à revelação de Deus contida na Bíblia e na Tradição através dos catecismos. O catecismo de referência nos nossos dias é o “Catecismo da Igreja Católica”, publicado em 1993. Nas suas quatro partes (sobre a fé, a moral, os sacramentos e a oração), ele é uma inspiração para os catecismos que usamos. Este catecismo universal e os catecismos locais (que nós não temos em Portugal) partilham algumas características: têm um carácter oficial, oferecem uma síntese orgânica e básica da fé e, juntamente com a Sagrada Escritura, são ponto de referência para a catequese.

Textos didáticos

Aquilo a que nós em Portugal chamamos “catecismos” são, propriamente, “textos didáticos”. Eles procuram recolher a síntese de fé do Catecismo da Igreja Católica e da Sagrada Escritura e apresentá-la às novas gerações, tendo presente as suas inquietudes e interrogações. Esforçam-se por encontrar uma linguagem compreensível para estas gerações.

Guias

Estes textos didáticos (os tais “catecismos”) são acompanhados pelos “Guias”. Estes guias dão indicações didáticas sobre como orientar as catequeses. É importante saber ler os guias pois eles são uma ferramenta decisiva para uma catequese de qualidade. Cada guia apresenta sempre os objetivos do catecismo: no final de um ano de catequese, o que é suposto atingir? O mesmo sucede em cada “bloco”: no início até ao Natal, do Natal à Páscoa, da Páscoa ao final do ano. Ter bem claros os objetivos é essencial: sem sabermos para onde queremos ir, tudo se torna mais confuso!

A respeito de cada catequese, os guias apresentam duas partes.

– A primeira é uma síntese doutrinal que ajuda o catequista a aprofundar o tema que vai ser trabalhado com os catequizandos. Muitos catequistas “facilitam” e omitem a leitura, estudo e meditação desta síntese doutrinal. É pena. É verdade que algumas destas sínteses são um pouco longas. Mas são sempre uma oportunidade de clarificar as ideias, de dialogar com os textos bíblicos mais relevantes. Esta síntese doutrinal dirige-se a nós, os catequistas. Quer-nos ajudar a descobrir a força transformadora dos conteúdos que vamos apresentar na catequese. Esta síntese doutrinal deve ser lida, meditada e rezada com calma. Muitos catequistas fazem esta leitura em grupo. Assim, tiram dúvidas, partilham as suas descobertas, sublinham aquilo que lhes parece mais surpreendente.

– A segunda parte consiste nas orientações a seguir na sessão de catequese com as crianças ou adolescentes. É importante ler com atenção as sugestões dadas pelo guia, perceber a sua lógica, identificar as vantagens que traz. Só assim poderás antecipar o que é que vai funcionar com o teu grupo ou o que pode dar problemas. E, a partir daqui, pensar em alterações, maiores ou menores, em relação ao que fazer. Esta segunda parte é como um mapa do que deve acontecer durante a sessão da catequese. Deves lê-la com calma, sem preconceitos. Lê tendo presente as tuas próprias competências educativas, as características do teu grupo, os materiais que vão ser necessários. Às vezes, as propostas dos “catecismos” parecem-te ambiciosas demais, fora do teu alcance; quando assim é, podes alterá-las em ordem a atingir os objetivos propostos tendo em conta os recursos dispo níveis. Mas é importante ter a coragem de ser ambicioso. É uma perda de tempo e de energia tentar coisas completamente fora do teu alcance. Mas é enriquecedor (para ti e para o teu grupo) fazer um esforço extra, ser criativo para usar as propostas feitas. Convém ler o guia tendo em atenção o manual do catequizando. Cada catequizando tem o seu “catecismo”; é importante que ele o use durante a sessão de catequese. Para isso, ao estudares o guia deves ter presente os recursos disponíveis: o texto da página x, a imagem da página y, a oração proposta aqui ou acolá… É importante também que o catequista estimule o catequizando a usar o “catecismo” durante a semana: na sua oração pessoal, na meditação dos textos propostos.

Para terminar: Na catequese não transmites as tuas opiniões e ideias mas sim a revelação que Deus ofereceu à Igreja e que está hoje contida na Bíblia e no Catecismo.

 

Texto adaptado e retirado do livro “Sou cateqista…e agora?”

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