Lectio divina: 14º Domingo Comum (ano C)

A Palavra de Deus é a nossa escola semanal de formação permanente e o remédio para as enfermidades.

A primeira leitura anima-nos a esperar novos tempos. Deus é como uma mãe que cuida dos seus filhos. A segunda leitura apresenta-nos a conclusão da carta aos Gálatas onde Paulo aponta o caminho da cruz como um caminho seguro para a salvação. O Evangelho de Lucas fala-nos da grande expedição missionária, experiência que resultou num êxito.
A força do Evangelho não está nas técnicas usadas, nem na organização mas no ardor do anúncio evangelizador. O monge é o homem do grande Silêncio, ele como ninguém sabe esperar Deus porque sabe comunicar com Ele. Seja esta a nossa aprendizagem.
Diz o Papa Francisco: “A Igreja rejuvenesce com a força do Evangelho e o Espírito Santo renova-a continuamente, edificando-a e guiando-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos. A tarefa de comunicar eficazmente o Evangelho torna-se particularmente urgente no nosso tempo (Iuvenescit Ecclesia,1). Bom Domingo.

1. Introdução
Que belo compromisso não teremos de assumir depois de passar pelo crivo da interioridade das leituras deste Domingo! A Palavra de Deus é a nossa escola semanal de formação permanente e o remédio para as enfermidades. A primeira leitura anima-nos a esperar novos tempos. Deus é como uma mãe que cuida dos seus filhos. A segunda leitura apresenta-nos a conclusão da carta aos Gálatas onde Paulo aponta o caminho da cruz como um caminho seguro para a salvação. O Evangelho de Lucas fala-nos da grande expedição missionária, experiência que resultou num êxito.
2. Isaías 66, 10-14c
2.1 Texto
Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Com ela enchei-vos de júbilo, todos vós que participastes no seu luto. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência.
Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. (…)
2.2 Deus pai e mãe
Um belíssimo texto com conotações afetivas. Deus é pai e mãe neste Terceiro Isaías. O povo, regressado da Babilónia, sente-se “de luto”, tem uma crise de tristeza, provocada por tantas dificuldades que tem de enfrentar. Deus cria uma atmosfera de promessa de alegria e de bem-estar, um futuro de nova ordem social. Deus cuida do seu povo. A cidade de Sião transforma-se numa mãe que acaricia o seu menino, pega nele ao colo e amamenta-o. Este amor paternal e maternal de Deus abre horizontes de esperança.
3. Salmo 65 (66), 1-3a.4-5.6-7a.16e.20 (R.1)
3.1. “Aclamai a Deus terra inteira”
Temos diante de nós um Salmo dirigido ao universo criado, e a todos nós, ao dar ação de graças. Recorda os acontecimentos do Êxodo desde a saída do Egito até à chegada da Terra Prometida. E termina recordando a Deus a Sua misericórdia: “Deus não retirou a sua misericórdia”.
4. Gálatas 6, 14-18
4.1 Texto
Irmãos: Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus. Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Amen.
4. 2 A cruz é a minha glória
Eis um novo ritmo para a história humana: Pela entrega, pela doação aos irmãos, celebramos em cada dia a cruz de Cristo, âmago do Evangelho, segredo para sermos novas criaturas: “longe de mim encher-me de glória, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Nesta bela síntese conclusiva da carta aos Gálatas, encontramos o perfil do missionário, do enviado, de cada cristão. Os estigmas que Paulo traz no seu corpo são o testemunho visível da sua entrega.
5. Lucas 10, 1-9
5.1 Texto
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.
Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. (…)
5.2. Compêndio missionário
Neste belíssimo texto encontramos as coordenadas da missão do enviado. É próprio de Lucas este envio missionário dos 72 discípulos, que significa “enviados a todos os povos da terra”. Nele encontramos o seu autor, o dono da seara (o Pai), os enviados “dois a dois” (a comunidade crente) exercendo o poder de Jesus sobre as forças do mal, os destinatários (todos os que queiram receber a Palavra), a sua finalidade (anunciar o Reino como embaixadores da paz). É um tempo de alegria e de vida de comunhão com Aquele que chama. Nada lhes fará mal. A força do Evangelho não está nas técnicas usadas, nem na organização mas no ardor do anúncio evangelizador.
6. Meditação
Comprometer-se na ação. “No campo social, a Igreja nem sempre teve a preocupação de assumir um duplo papel: o de iluminar os espíritos, para os ajudar a descobrir a verdade e a discernir o caminho a seguir no meio das diversas doutrinas que os solicitam; e o de entrar na ação e difundir, com uma real solicitude de serviço e de eficácia, as energias do Evangelho. (Yves Congar). Diz o Papa Francisco: “A Igreja rejuvenesce com a força do Evangelho e o Espírito Santo renova-a continuamente, edificando-a e guiando-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos. A tarefa de comunicar eficazmente o Evangelho torna-se particularmente urgente no nosso tempo (Iuvenescit Ecclesia,1).
7. Oração
“Parte, põe-te a caminho”. Ouço, tantas vezes, Senhor, este convite. A iniciativa é sempre Tua. Nunca saberei como Tu chamas e o que pretendes. O caminho tenho que ser eu a inventá-lo. Parto sem saber como Tu chamas e o que queres. É algo tão interior que, por vezes me escapa. Deixa-me confundido. Só com um coração simples consigo escutar. Dá-me esse coração para descortinar o divino da Tua Palavra.
8.Contemplação
O segredo do monge
O monge é o homem do grande Silêncio,
o monge é o homem da Palavra crepitante.
O monge é o homem que desce pressuroso à gruta profunda,
buscador do coração sepultado;
o monge é o homem que emerge luzente da gruta profunda lavado pela aurora.
O monge é o homem que chora cristalinas lágrimas de paz;
verdadeiro monge é o homem comovido pelo frémito de toda a criatura,
que louva e geme sob o firmamento.
Davide Maria Montagna

Poema
Mãe Jerusalém
Os seus meninos de peito serão levados ao colo
e acariciados sobre os joelhos Is10

Meio-dia de luz Jerusalém
Cheio de luz Monte de Sião
Teu templo lampeja ao longe
Recolhido em íntima oração.

De púrpura vestes teus filhos
Como mãe brincam ao teu colo
Riqueza armazenas abundante
Nas margens dum rio transbordante.

Teus grãos de oiro de ceara madura
São salmos davídicos em tristes preces
Teus segadores levam espigas douradas
Ao templo de Deus, abençoadas.

Quero cantar um canto de Sião
Consolar-te em tua dor saudosa
Memória dos que partiram para o desterro
Deixando a mãe Sião em seu degredo.

Rezai comigo ribeiros do monte
Entoai lamentos seivas de Sião
Voa minha alma na folha da aragem
Corre canta de amor tua canção.

Deixai-me chorar deixai-me cantar
Deixai-me exultar pelo chão de Sião
Onde um dia sua terra beijarei
Na Nova Jerusalém descansarei.

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