A carta sublinha quanto ainda o povo tenha necessidade de
assistência e que o estado de emergência ainda não passou. O arcebispo
refere como a Igreja local tenha conseguido chegar até perto de 25.000
pessoas, fornecendo comida, refúgio e água potável, além da necessária
assistência espiritual e psicológica. O bispo salesiano mostra
sobretudo a situação vivida pelas crianças e adolescentes, que
constituem nesta circunstância a parte mais vulnerável da população.
Dom Bo exprime, além disso, a esperança de poder chegar, graças à
possibilidade de que goza a Igreja, a mais outras 40.000 pessoas.
Dom Bo afirma: “Depois de três semanas da passagem do ciclone
Nargis, que atingiu pesadamente a população do Mianmar, discute-se
ainda sobre os danos causados. Para os supérstites do delta e de
Yangon, sobreviver é uma luta cotidiana, devido às dificuldades de
acesso à água limpa, comida, alojamento e assistência médica. A isso
devem-se acrescentar os alagamentos, os danos sofridos pelos arrozais:
a perda dos implementos, sementes, animais incidirão negativamente na
produção do arroz e na possibilidade de ter do que comer.
A resposta local foi muito importante nestas primeiras semanas.
Infelizmente os recursos e possibilidades de enfrentar o problema já se
exauriram. Recebo por isso com muito prazer o recente anúncio feito
pelo governo de permitir o ingresso de todos os grupos de assistência
humanitária. Espero que este anúncio nos dê uma resposta e que as
ajudas internacionais possam encontrar apoio nas estruturas locais e
nas iniciativas já em curso.
Entre as histórias de desespero emerge também a esperança. O povo do
Mianmar está unido de modo solidário com as vítimas do ciclone. A
população e os líderes de todas as religiões trabalharam juntos para
chegar às comunidades mais afastadas e para alentar o governo a fazer
todo o possível. A história que pude ouvir dos supérstites do ciclone e
que continuam a viver com dignidade e esperança são um tributo à
indestrutível natureza do espírito humano. As manifestações humanas de
coragem e bondade dos que voluntariamente deram assistência ao povo da
zona do delta, e as manifestações de solidariedade e auxílio recebidas
pela Igreja do Mianmar põem em evidência a generosidade da humanidade”.