Com (e por) inúmeras razões a justificar tal teimosia de acreditar nesta «educação na fé», uma multidão de pessoas, cristãs, e muito crentes, continuam a investir o seu tempo em… catequese.
Certo é que outras tantas vezes apenas o fazem pelo simples gozo de acompanhar estas novas gerações de crianças, adolescentes e jovens (e mais algumas categorias intermédias que gostam de inventar).
Do perfil do catequista
Um pouco de professor, de educador, sem matéria científica. Um pouco de pai, de mãe, sem relação biológica. E um pouco de padre, de pastor, sem batina e sem qualquer “ordem” que não a do Evangelho: ide e anunciai! (Marcos 16, 15)
Usualmente, é nesta mistura de funções e perfis onde o catequista procura encontrar o seu perfil. E, sabe lá Deus como, definir a sua identidade com clareza suficiente para evitar mal entendidos, ou alimentar vícios que em nada contribuem para a vitalidade das nossas comunidades.
Entristece ver catequistas verdadeiramente apaixonados pela catequese, incapazes de reagir perante estas situações. Ou por não darem uma dinâmica vivencial aos seus encontros, ou por não integrarem os pais na caminhada de fé dos seus filhos, ou por acharem que lhes compete transmitir toda a doutrina do mundo católico. Enfim, um novelo emaranhado de más práticas e de muito pouco bom senso.
Da catequese de qualidade
Que não existem fórmulas mágicas, nem respostas certas, penso que todos já sabem (ou deviam saber). Mas não será necessário reinventar a roda, pois existem já bastantes pistas, capazes de iluminar o caminho sobre como fazer uma catequese de maior qualidade.
Estas pistas encontram-se na própria fonte da nossa fé, a Bíblia, e na história da Igreja. Deixo a parte oficial a quem de direito, mas – como sou eu que mando no teclado neste momento – escrevo um pouco daquilo que penso:
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Situações difíceis com origem numa sociedade que está contra os valores do evangelho, é coisa mais do que natural. Temos de perder a mania de que «hoje em dia somos uns desgraçadinhos, porque a televisão, a escola e os pais não ajudam em nada».
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O encontro semanal não serve só para encher as igrejas na «missa da catequese»; a caminhada desenvolvida é planeada, executada e avaliada com base na possibilidade de acompanhar o crescimento gradual e as suas várias etapas. Sim, sim, acompanhamento! Do grupo e da pessoa per se.
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Serviços mínimos com posições vagas sobre os objectivos e planos da catequese, ou são resultado de má comunicação, ou arriscam-se a ser a causa de um definhar das mentalidades.
Queres ajuda a desenrolar o nó? Foca-te no essencial.
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Dar a conhecer Jesus Cristo.
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Integrar na comunidade.
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Testemunhar a dinâmica do Evangelho.
E para resgatar estes horizontes, há que reciclar continuamente o catequista-cristão ..aquele que é antes de mais amigo de Cristo, activo na construção da comunidade e expressão quotidiana da brutal alegria da fé.
É isto, ou estaremos a hipotecar as futuras gerações de cristãos. Ou, pelo menos, a dar mais trabalho ao Espírito Santo para desfazer toda esta confusão!
Lavagem cerebral
Há algumas pessoas que perdem o seu tempo a esboçar insultos e acusações ao cristianismo, em especial ao catolicismo. Confesso que até aprecio bastante certos comentários, porque dão-me ideias giras para desenvolver em textos como este!
Um dos comentários recorrentes é sobre a catequese como meio de lavagem cerebral das crianças, uma estratégia de angariação de «novos membros», logo desde cedo. Permitam-me que, enquanto catequista, manifeste o meu repúdio: nhheeee… Pronto, é isto…
Como aqueles que me conhecem já sabem, tenho tendência para ser sarcástico e brincalhão nessas alturas e, com isso, dizer coisas mais sérias.
Lavagem cerebral? Sim senhora, e da de mais alta qualidade. Capaz de refrescar o que de menos bom existe em cada um, por oferecer experiência humana entranhada de sentido. Capaz de conduzir à transcendência de si mesmo, por dar razão de esperança e motivo profundo à existência. Capaz de mudar a vida de quem a abraça, por ser local de encontro com Cristo.
Desculpem se incomoda. Mas a catequese é! assim, graças a Deus 😉