Lectio divina: 22º Domingo Comum (ano C)

Encantadora a palavra deste Domingo, assente nas exigências do “banquete do Reino”.

Quem nele participa deve brilhar pela gratuidade, humildade e amor desinteressado.
Agrada a Deus o coração humilde. A Sua predileção é pelos débeis, abandonados, os que não dão nas vistas, os que vivem uma vida discreta. “A humildade é a verdade” (Santa Teresa). É a virtude que perfuma o interior do homem e lhe abre o coração aos mistérios de Deus. “Preparastes uma casa para o pobre”. O Salmo 68 descreve as maravi­lhas de Deus à maneira do canto da alma (Magnificat) proclamado por Maria de Nazaré em Ain Karin. Nele estão “os pobres”, “os órfãos”, “as viúvas”, “os abandonados”, “os prisioneiros”. “A religião pura e sem mancha aos olhos de Deus consiste em visitar os órfãos e as viúvas e conservar-se limpo do contágio do mundo” (2ª Leitura). Recordemos S. Francisco de Assis (il poverello de Assis), Madre Teresa de Calcutá e tantos outros. Senhor que não perca a luz e o brilho no meu olhar, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no meu mundo, obscurecerão os meus olhos. Um bom Domingo. 
1. Introdução
Encantadora a palavra deste Domingo, assente nas exigências do “banquete do Reino”. Quem nele participa deve brilhar pela gratuidade, humildade, e amor desinteressado. É melhor ir ao encontro dos simples e humildes do que contar com aqueles que um dia nos poderão convidar. Jesus pede-nos para sermos generosos na entrega, no trabalho. Confiar plenamente no futuro que vem das mãos de Deus.
2. Sirácides 3, 19-21.30-31 (gr.17-18.20.28-29)
2.1 Texto
Filho, em todas as tuas obras procede com humildade e serás mais estimado do que o homem generoso. Quanto mais importante fores, mais deves humilhar-te e encontrarás graça diante do Senhor. Porque é grande o poder do Senhor e os humildes cantam a sua glória. A desgraça do soberbo não tem cura, porque a árvore da maldade criou nele raízes. O coração do sábio compreende as máximas do sábio e o ouvido atento alegra-se com a sabedoria.
2.2 Hino à humildade
“A humildade é a verdade” (Santa Teresa). É a virtude que perfuma o interior do homem e lhe abre o coração aos mistérios de Deus. O autor sagrado faz ver que a sabedoria da “Torah” é superior à sabedoria grega. “Humilha-te e encontrarás graça diante do Senhor” é o centro do texto. Todo o gesto de Auto glorificação e louvor próprio é um roubo à glória de Deus.
3. Salmo 67 (68), 4-7ab.10-11 (R. cf. 11b)
3.1 “Preparastes uma casa para o pobre”
O Salmo 68 descreve as maravilhas de Deus à maneira do canto da alma (Magnificat) proclamado por Maria de Nazaré em Ain Karin. Nele estão “os pobres”, “os órfãos”, “as viúvas”, “os abandonados”, “os prisioneiros”. É uma obra de amor que canta a ação de Deus. Por isso os Cruzados escolheram este hino para os acompanhar nas batalhas.
4. Hebreus 12, 18-19.22-24a
4.1 Texto
Irmãos: Vós não vos aproximastes de uma realidade sensível, como os israelitas no monte Sinai: o fogo ardente, a nuvem escura, as trevas densas ou a tempestade, o som da trombeta e aquela voz tão retumbante que os ouvintes suplicaram que não lhes falasse mais. Vós aproximastes-vos do monte Sião, da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste, de muitos milhares de Anjos em reunião festiva, de uma assembleia de primogénitos inscritos no Céu, de Deus, juiz do universo, dos espíritos dos justos que atingiram a perfeição e de Jesus, mediador da nova aliança.
4.2 Teofania do Sinai e Jesus Cristo
As instituições do Antigo Testamento tinham por finalidade as novas realidades realizadas por Jesus Sumo Sacerdote e Redentor. “Ele libertou-nos de todos os temores e permitiu-nos entrar com plena confiança e intimidade no novo santuário, que é o Seu corpo imolado e glorioso” (G. Casarin). Ele, mediante o Seu sacrifício, fez de toda a vida da fé uma liturgia mediante uma conversão. São Paulo fala de uma «renovação da mente». É nessas condições que ele discerne e faz a vontade de Deus.
5. Lucas 14, 1.7-14
5.1 Texto
Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. “Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”. (…)
5.2 Exigências para o “banquete do Reino”
O Evangelho coloca-nos no ambiente de um banquete em casa de um fariseu onde Jesus descreve as atitudes dos que nele participam. Se por um lado, recomenda a procura dos últimos lugares, por outro, denuncia a lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento. Faz ver que todos são convidados para o “banquete do Reino” mas as relações entre eles devem estar impregnadas de gratuidade e amor desinteressado. Não esqueçamos que o Evangelho de Lucas é o Evangelho da Graça de Deus, aberto a todos.

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