Como lidar com o fracasso na catequese?

Como lidar com fracasso catequese

Às vezes, as coisas correm mal. Como reagir?

Gostamos de fazer catequese. Procuramos preparar-nos com afinco. Temos consciência que o nosso serviço de catequistas é uma responsabilidade perante os catequizandos, perante a comunidade e perante Deus.
Mas, às vezes, as coisas não correm bem. Aparecem fracassos, desilusões e dores. Como lidar com esses fracassos?
Deixamos aqui três respostas comuns – mas erradas! – e três respostas mais inteligentes.

As más respostas

  1. Eu não presto

Uma resposta errada mas instintiva é concluir que as coisas correram mal porque “eu não presto”. Muitas pessoas reagem aos fracassos sentindo-se culpadas por eles; e daí concluem que não são capazes, que não estão à altura. Errado. Os ingleses dizem que “FAIL” (fracasso) é o acrónimo de First Attempt In Learning (a primeira tentativa de aprendizagem).
O fracasso que aconteceu foi isso mesmo: um fracasso de uma acção. Tu és maior do que essa acção. Imagina que a responsabilidade foi mesmo tua. Tu és mais do que essa responsabilidade. Podes aprender coisas novas, podes melhorar o teu temperamento e as tuas competências.
Resumindo: isso do “eu não presto” não leva a lado nenhum e é falso.

2. A culpa é dos outros

Esta é outra reacção comum. Algo corre mal. De quem é a culpa? É dos “outros”. Sejam eles os pais, as crianças, o padre, o aquecimento global, o Benfica que ganhou o campeonato…
Há sempre algumas pessoas (e tu podes ser uma delas) que reage aos fracassos apressando-se a procurar um culpado. Que pode ser uma pessoa, um grupo de pessoas, um conjunto de situações ou um lugar.
A seguir a um fracasso tornam-se agressivas e culpam os outros pelo que correu mal. Não querem perceber qual a sua parte de responsabilidade no que aconteceu.
E na realidade não estão interessados em dialogar com os supostos “culpados” para um processo de avaliação, mudança e melhoria. Querem mesmo é “bater” nos culpados, fazer cair sobre eles a agressividade que têm dentro.
Resumindo: isto de atirar a culpa para cima dos outros não constrói futuro e só espalha agressividade.

3. Tanto faz!

Uma terceira reacção errada a seguir a um fracasso é a indiferença. As crianças não apareceram para a celebração penitencial, as cartas com a convocatória para a reunião de pais, alguém se esqueceu do vídeo que íamos usar na catequese? Há sempre aquele catequista que reage a estes fracassos… não reagindo. Estando-se nas tintas.
Esta atitude indiferente serve principalmente para as pessoas se protegerem. Sendo ou parecendo ser indiferentes, fogem à dor, à frustração do fracasso. Mas ao evitarem um diálogo sério sobre o que aconteceu, nunca irão mudar nada.
Resumindo: A indiferença é uma falta de respeito para com a nossa missão e uma mentira face a nós mesmos.

Respostas melhores

Depois de vermos algumas respostas comuns mas pouco funcionais às situações de fracasso, vamos agora olhar para algumas respostas mais inteligentes.

  1. Realismo, precisa-se

Muitos fracassos aparecem porque as metas propostas eram irrealistas. Imagina uma família que quer ir de férias para os Açores e que decide ir de carro. A não ser que tenham um modelo anfíbio, não vai ser possível.
Na catequese podemos e devemos ser ambiciosos. Devemos desejar uma catequese cada vez mais cativante, conseguir que os catequizandos se entusiasmem cada vez mais com o Evangelho, querer que as celebrações sejam cada vez mais devotas, profundas e participadas.
Mas os nossos projectos devem ser realistas e viáveis. O facto de ter havido um fracasso pode ter sido causado pelo excesso de ambição.
Resumindo: está na hora de rever em baixa as nossas expectativas.

2. Uma avaliação bem feita

As coisas correram mal. E agora, o que é que se faz? Avalia-se. Atenção que avaliar não é andar atrás de culpados nem passar paninhos quentes sobre a responsabilidade colectiva.
Quando se vai avaliar uma actividade ou processo que correu mal é natural que haja ainda muitos nervos a flor da pele. E é fácil pintar tudo de negro. Ou, por outro lado, pintar tudo de cor de rosa. Convém recordar com calma o que é isto de “avaliar”. Avaliar é “medir” em que grau os objectivos foram alcançados.
Avalia-se com optimismo, com a coragem de mudar o que tiver de ser mudado.
Para, da próxima vez, ir mais além.
Resumindo: vamos deixar de lado as emoções e vamos tentar ser o mais objectivos possível, tentando fazer uma avaliação honesta.

3. Recordar o teu chamamento e a causa de Jesus

No meio das coisas boas e más que nos acontecem, há muita sabedoria em recordar porque é que somos catequistas, porque gastamos tempo e energias neste serviço. Feitas as contas só há uma resposta. É porque acreditamos em Jesus e na sua causa. É porque nos sentimos chamados a colaborar na sua missão.
E esta certeza ajuda-nos a relativizar o mal que acontece. A presença do Senhor Jesus na nossa vida dá-nos a coragem de que precisamos quando nos sentimos frustrados.
Resumindo: dá mais espaço a Deus no teu coração e vais ver como as nuvens negras se vão embora.

 

Para debater em grupo

Este tema do fracasso é delicado.
Quem fracassou não gosta de falar sobre isso.
Quem vê que o outro fracassou, também evita abordar o tema com a desculpa de não “ferir” o outro.
Este medo a falarmos, a tentação de esconder a poeria debaixo do tapete é pouco madura e pouco eclesial.
Este texto (disponível em vídeo mais abaixo) pode ser um bom pretexto para, dentro do grupo de catequistas, adquirirmos o hábito de falar sobre as fracassos e de aprendermos a lidar com eles de forma mais saudável.

  • Pode começar-se por fazer um levantamento dos fracassos, das derrotas mais habituais.
  • Evitar personalizar. Falar em geral dos fracassos mais frequentes que acontecem na “ctaquese” em geral. Depois pode-se assistir ao vídeo.
  • Dialogar sobre quais daquelas atitudes são mais frequentes entre nós. Falar sempre em geral.
  • Haverá outras atitudes que não são referidas no vídeo?
  • Finalmente, convida-se a um tempo de partilha sobre a forma como cada um sente os seus fracassos e quais as estratégias que usa para lidar com ele.

O orientador da reunião deve garantir que todas as comunicações se pautam pelo respeito e pela delicadeza. Sem isso, as pessoas fecham-se e a comunicaçao torna-se postiça.

 

Neste vídeo identificámos três respostas erradas aos fracassos e três respostas mais positivas. Podes pensar, sozinho ou com os teus colegas, em que outras reacções costumam aparecer quando as coisas correm mal.

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