Lectio divina: 27º Domingo Comum (ano C)

Que bela mensagem, esta que nos fala das coisas pequenas mas com tremenda potência de ser grande.

Que absurdo fascínio o da semente e que lugar de honra ocupa nas conversas com Jesus que, neste Domingo, caem no chão do écran do meu computador. Registo o pedido dos apóstolos que é também nosso: “aumenta a nossa fé” (Lc17, 5). Em Habacuc (1ª Leitura) depois da ladainha dos “Até quando” e dos “Porquês” de queixumes, aparece o Senhor a mandá-lo escrever na “tabuinha” das coisas vindouras, tudo o que vai acontecer rubricado pelo “mas o justo viverá pela sua fidelidade”. Urge esperar com esperança pelo tempo de Deus. Na segunda carta a Timóteo (2.ª leitura) Paulo convida-o a ir ao baú de recordações para daí reviver o grande dia da sua ordenação com força enorme para o seu testemunho. No Evangelho encontramos a fé num ambiente campesino, do tamanho do grão de mostarda, raiz da vida do cristão. Quem a possuir poderá “transplantar a amoreira” para o alto mar. (Ler o Poema “Milagre oceânico” onde a promessa se cumpre). Bom domingo. 
1. Introdução
A mensagem dos domingos anteriores não foi fácil. Neles, Lucas apresentou-nos o resultado do bom e do mau uso das riquezas. Hoje temos nova temática. Vai na linha dos valores que devem orientar a vida do homem interior, valores também não muito aceites pelos nossos contemporâneos: a fé, a bondade, a paciência, a humildade, a confiança em Deus, são valores eternos. Traçam o caminho do Reino.
2. Habacuc 1, 2-3; 2, 2-4
2.1 Texto
«Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Porque me deixais ver a iniquidade e contemplar a injustiça? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia?» O Senhor respondeu-me: «Põe por escrito esta visão e grava-a em tábuas com toda a clareza, de modo que a possam ler facilmente. Embora esta visão só se realize na devida altura, ela há de cumprir-se com certeza e não falhará. Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há de vir e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma reta; mas o justo viverá pela sua fidelidade».
2.2 A fé como sustento
Habacuc queixa-se a Deus diante de tanta calamidade e do Seu aparente silêncio. Faz perguntas certeiras, enquanto apresenta uma reportagem de violência, de vandalismos, a culminar no exílio de Babilónia. Mas Deus tem o seu ritmo da história. Ele virá e não tardará. Ele aponta o segredo: “ O justo viverá na fé”. Conta com Deus na tua vida. Terás que lutar, confiar. No Senhor sairás vitorioso.
3. Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R.8)
3.1 O Salmo 95
“Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso Salvador” é a estrela da manhã, o despertador de cada dia a chamar todos os homens para o louvor. Os Muçulmanos fazem-no duma forma original, em prostração. É um brinde em música, em gestos, uma atitude orante. Quantas vezes os cristãos leem este salmo como quem lê um livro da escola, numa atitude fria, sem sentimento, sem vibração interior, numa melodia matinal adormecida. Sim, é necessário saborear este vendaval suave de graça, de bondade e de fé, esta musicalidade interior.
4. 2 Timóteo 1, 6-8.13-14 4.1
4.1 Texto
Caríssimo: Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós.
4.2 Perseverar na vocação
Paulo pede a Timóteo para viver a sua ordenação apoiado «no dom» recebido mediante a «imposição das mãos». A atitude exortante e o convite a dar testemunho faz-nos perceber o ambiente de perseguição. Por isso Paulo convida Timóteo a ser ousado no anúncio e no testemunho do Evangelho, dizendo-lhe “Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor”.
5. Lucas 17, 5-10
5.1 Texto
Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’.
5.2 Duas coordenadas: a fé e a vida de serviço.
Os discípulos sentem que têm um projeto entre mãos: a construção do reino, mas sentem a fraqueza da sua fé. Sentem que lhes falta a relação de amor que é o âmago da fé. Daqui o pedido dos apóstolos: «Aumenta a nossa fé». Precisam de mais fé para levar por diante tal projeto. Jesus continua com a exigência: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. A outra coordenada é o serviço. Para o cristão, o serviço do reino de Deus é exercício da fé. A fé não é negócio. O Amor não tem salário. Ser “servo inútil” é a suprema recompensa, é a transfiguração do servir. A prática da Igreja foi sempre na linha da gratuidade.

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